sábado, 19 de dezembro de 2015

O CAPITALISMO E O DIABO


 
Uma visão apocalíptica, real e atual
 

9 de novembro de 1989. Começa a ser derrubado o muro de Berlim, símbolo do modelo comunista, que entrara em colapso. Carl Marx não avaliou que a natureza humana fosse tão individualista, fálica e anarquista. O regime instalado em 1917 se manteve, enquanto durou, a ferro e fogo, até que faltou ferro e o combustivel para o fogo era pouco e teve que ser racionado. A melhor explicação para essa derrocada é a mesma para a ascenção e queda de todos os impérios que a História registra. Seria insensato acusar A ou B.

As nações comunizadas tiveram que ceder espaço ao retorno do capitalismo, não o antigo, que Carl Marx conheceu e condenou, escravizante de operários, explorador da força dos seus braços para o trabalho com carga horária de 16 horas e descanso somente aos domingos; na modernidade, salvo algumas excessões, trabalhamos 8 horas diárias, com direito ao descanso nos sábados, domingos e feriados, além de férias anuais de 30 dias e uma infinidade de outras benesses trabalhistas; e agora, máquinas de todos os portes e complexidade substituem a maior parte do esforço físico e mental dos trabalhadores.

E isso não é bom?

Já aconselhava Maquiavel que, para acalmar a insatisfação do povo, tomem-lhes todos os seus direitos de uma só vez e o devolvam aos poucos, que a satisfação voltará e será duradoura, enquanto durar o conta-gotas.

O regime comunista restringiu ao máximo as liberdades e, após o confisco dos ativos pertencentes aos cidadãos, impôs-lhes pesadas censuras para inibir queixas, reclamações e denúncias de abusos e malversações por parte dos agentes públicos; os meios de produção e os incentivos, antes familiares, foram coletivizados e transformados em cooperativas; porém, algo absolutamente individual, a natureza humana, não conseguiram domar.

A falta de reconhecimento e de estímulo ao ego do indivíduo, agora massificado, contribuiu para o desânimo e a ineficiência, redundando em queda na produtividade, o que forçou um contingenciamento generalizado dos bens de consumo, a criação do mercado negro, corrupção e suborno, mas os teóricos estavam satisfeitos – o regime continuava comunista, pelo menos até à vespera do início da derrubada do muro de Berlim.

A desestatização revelou o lado sombrio de quaisquer ditaduras, sejam das oligarquias, do proletariado ou fundamentalistas. Quem tinha capital para assumir os negócios desestatizados eram, por ironia, os antigos guardiães do Partido, do Estado e do Tesouro do Povo, as altas autoridades, os grandes políticos, os agentes secretos, os ex-ministros, muitos dos legisladores e, também, membros do judiciário. Durante os anos de mordaça, amealharam cacife suficiente para adquirir todas as empresas disponibilizadas para a privatização, pelo Estado saqueado e moribundo.

No Brasil, não há dia sem denúncia de desfalques, desvios de verbas, má gestão dos recursos públicos e liberações a fundo perdido, para causas e ONGs nenhum pouco nobres. Esse dinheiro todo não é escondido sob colchões, nem é totalmente remetido ao exterior, mas aplicado por aqui mesmo, através de “laranjas”, gerando novas riquezas e novos empregos, num financiamento torto, que tem causado indignação somente aos que não tiveram a chance de obtê-lo. Sem apologias.

Nos últimos anos, coisas interessantes ocorreram, pois aumentaram as denúncias, mas também aumentou a geração de empregos, a atividade econômica, a arrecadação de tributos e a renda média do brasileiro; a nação está, visivelmente, mais rica.

Chegada a hora de devolver ao povo, em gotas homeopáticas, o que lhes foi confiscado, e conceder, na mesma velocidade, em conta-gotas, tudo ao que aspiravam, não foi bem assim que aconteceu, e continua não sendo. Altamente estimulados, jovens e adultos se impacientam e querem obter as coisas que cobiçam, ou que acham que necessitam, já e agora, como se o dia de hoje fosse o último de suas vidas. E se não conseguem o que querem, com rapidez e pouco esforço, tornam-se agressivos ou entram em depressão. Por incrível que pareça, a agressão aos professores por crianças pode ter essa mesma explicação.

O consumismo desenfreado estruturou-se no descarte do quase novo e de pouco tempo de uso, sempre substituído por um modelo mais moderno, sejam móveis, máquinas, utensílios, roupas ou embalagens; o aumento da poluição, o apodrecimento do solo pelos lixões, a contaminação das águas, o desmatamento, a lixiviação das terras agrícolas e a incidência do câncer de pele, atribuída à diminuição da camada de ozônio, são algumas das consequências.

A crescente violência armada que submete toda a sociedade, hoje em dia, pode estar associada à necessidade de obtenção de recursos rápidos para saciar a sede de consumo de qualquer coisa, certamente despertada pela mídia capitalista.

Um exemplo da simbiose macabra entre a morte e o pleno emprego nos é fornecido pelas estatísticas das ocorrências no trânsito urbano e rodoviário. São 40.000 mortes de cidadãos brasileiros a cada ano, portanto, batento mais de alguns anos de guerras pelo mundo afora.

A cada 100.000 veículos destruídos nas estradas, com ou sem óbitos, a indústria fabrica e vende outro tanto, garantindo empregos diretos e indiretos para 4.000.000 de trabalhadores. Lucram com os acidentes rodoviários todos os setores da economia ligados à saúde, aos seguros e às funerárias, e que se encontram em plena expansão no Brasil.

A maioria dos acidentes tem causa humana e pode ter sua raiz na ansiedade, também um efeito colateral da mídia incentivadora do consumismo desenfreado. Um amigo meu, cujo nome não vou declinar, adquiriu uma franquia de agência funerária; após alguns meses, perguntei-lhe – como vão os negócios – e ele me respondeu com um sorriso de felicidade: - “Vão muito bem, graças ao bom Deus.”

Não seria mais lógico se as autoridades somente liberassem a comercialização de veículos automotores que fossem incapazes de ultrapassar as velocidades limites de segurança?

Conclusão: o capitalismo sacia a sede de consumo que ele próprio exacerba, mas, para isso, destrói o planeta e seus recursos naturais na ânsia de ganhos rápidos e crescentes. Para gerar mais empregos e melhorar a arrecadação, temos que financiar o consumo, dizem nossos governantes.

Um novo regime, diferente do capitalismo que tudo destroi para lucrar, e do comunismo, que massacra a individualidade para dominar, mas que privilegie os valores da mente e do espírito, talvez seja a salvação – seria um socialismo aperfeiçoado. Do contrário, a humanidade se extinguirá em algumas décadas, pois não haverá como sobreviver após a exaustão dos quatro elementos da natureza – vitória retumbante de quem sempre deu com uma mão e tirou com a outra – o Diabo.

 

Texto elaborado por

Casimiro

Fontes de pesquisa: 

      Internet
      A Aternativa do Diabo – Frederick Forsyth – Ed. Record 

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

OS LIMITES DA BRONCA


Paulo Autran, o grande ator, viveu 85 anos. Era casado, e sua experiência de vida era incontestável. Numa de suas últimas entrevistas, perguntaram-lhe porque não tinha filhos, e a resposta foi inédita : - “Para me aborrecer? No meu círculo de amizades não conheço nenhum casal contente com seus filhos – são petulantes, impertinentes, arrogantes, gastadores, ingratos, exigentes, inconformados, intrometidos, inconvenientes, abusados e por aí vai”.

Na luta por colocar limites em seus filhos, pais podem notar que algumas táticas estão longe de causar o efeito necessário. Na verdade, algumas atitudes chegam a acarretar o resultado contrário.

Antes de culpar as crianças, os pais devem prestar atenção se estão dando bronca direito – e “direito” não significa com cara de bravo ou com ameaças assustadoras. Muito pelo contrário. Ações como gritar excessivamente e bater são vetadas por psiquiatras, psicólogos e psicopedagogos.

De acordo com Içami Tiba, autor de “Disciplina: Limite na Medida Certa” (Integrare Editora), as crianças aprendem com o que os pais fazem. Se eles batem na criança, “o filho aprende a linguagem da violência”.

A psicopedagoga Larissa Fonseca afirma que tanto gritar quanto bater demonstram falta de controle pessoal dos pais, o que é bastante danoso para a criança. “Gritar é mostrar que a criança te afetou – e ela adora isso”, afirma Larissa.

Leila Tardivo, professora do Instituto de Psicologia da USP, explica que as crianças, como todas as pessoas, precisam de atenção. “Se os pais só olham para a criança quando ela faz algo de errado, ela continuará fazendo isso”, fala.

Na opinião de Dora Lorch, psicóloga e autora do livro “Superdicas para educar bem seu filho” (Editora Saraiva), educar é passar por certos desconfortos. Ou seja, dar bronca é chato e prometer um chocolate para a criança parar de chorar parece bem mais fácil. Só que os pais precisam estar preparados para se posicionar quando as desobediências acontecem. Mas como se posicionar corretamente?

Consultamos especialistas que resumiram 9 frases que não devem ser ditas para a criança. 

“Não te amo mais”  

“A criança é muito mais frágil que o adulto. Tudo que se fala ganha uma dimensão maior”, comenta Dora Lorch. Portanto, ouvir uma frase destas da boca dos pais pode causar estragos. Larissa Fonseca explica que esta falta de aceitação pode ser muito forte. “A criança não consegue entender a complexidade do mundo, e alguns adultos não têm consciência disso”, diz Larissa.

“Você é feio”

Xingamentos e palavras feias podem afetar a formação da autoimagem, explica Leila Tardivo. Repetidos excessivamente, também podem ser considerados violentos. Larissa Fonseca aponta que existe uma diferença sutil, mas essencial entre “você é feio” e “o que você acabou de fazer foi muito feio”, que desloca o adjetivo negativo para a ação e não para a criança.

“Vou te matar”

“O que traz a educação é a firmeza, e não a agressividade”, diz Içami Tiba. Ameaças do tipo servem apenas para criar medo nas crianças, o que, segundo o psiquiatra, não leva a lugar algum. “O medo não educa, só traumatiza”, diz Içami. A longo prazo, a intimidação tampouco é efetiva e esvazia o discurso dos pais, já que eles obviamente não vão cumprir o que prometeram. “Primeiro, as crianças sentem um desamor muito grande. Depois, quando descobrem que as ameaças não funcionam, não levam mais os pais a sério”, afirma Dora Lorch.

“Nunca mais te trago aqui”

Como a noção temporal das crianças é diferente, as punições precisam ser imediatas. Este tipo de ameaça também não faz efeito por ser mentirosa. “As crianças sentem que estão sendo enganadas. E isso não faz bem para elas”, diz Larissa. Dora Lorch aponta que ameaças do tipo, assim como “você nunca mais vai ver televisão” ou “nunca mais vou falar com você”, passam uma ideia ambígua para criança, o que prejudica a sua formação moral.

“Você puxou o seu pai” ou “Você é igualzinho a sua mãe”

Quando os pais estão separados e há algum conflito entre ambos, não é nada saudável usar este tipo de frase. Segundo Leila Tardivo, as crianças entendem que elas são parecidas com a parte rejeitada – e se sentem dessa forma.

“Se ficar bonzinho, dou um chocolate para você”

Comportar-se bem, arrumar o quarto, guardar os brinquedos ou fazer a lição de casa são responsabilidades dos filhos, por isso eles não precisam ganhar nada em troca quando fazem isso. Quando os pais fazem estes acordos de maneira repetida, os filhos podem achar que não se tratam de deveres. “A criança precisa aprender a fazer as coisas por responsabilidade, e não porque vai ganhar algo”, diz Larissa.

“Para com isso, todo mundo está olhando!”

Esta frase é mais fruto do embaraço dos pais que um tipo de bronca para os filhos. Segundo Içami Tiba, ela também passa a mensagem da “campanha da boa imagem”, quando a criança só tem que parecer educada para os outros. “O que os pais estão falando é um problema deles. As crianças não ligam para o que os outros estão vendo”, explica.

“Fica quieto!”

No geral, as crianças tendem a atender ordens mais específicas. Quando escutam frases como esta, elas se confundem. “Ela não sabe se é para parar de falar, de pular ou de fazer o que está fazendo”, diz Dora Lorch. Os pais devem apontar exatamente o que eles gostariam que a criança fizesse.

“Limpe já seu quarto, senão você vai ficar de castigo”

“Quando um adulto coloca um ‘senão’ do lado de suas ordens, isso quer dizer que ele não acredita muito nelas”, diz Dora Lorch. Isso demonstra que os próprios pais já estão negociando, o que faz com que as crianças não respeitem as ordens dadas.

Os “senões” só podem aparecer quando a criança questionar muito. “Firmeza é dizer que não pode, e não poder mesmo”, resume Içami.

 

Crédito (Google):

 


 

Texto adaptado por Casimiro

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O POETA E A SEGURANÇA PÚBLICA


(Versos livres)

 

Cabe ao poeta fazer graça

com a própria desgraça;

ver poesia

onde os vândalos se tornaram freguesia;

pleitear em vão seu direito ao amparo

com policiais de bom faro.

Enquanto recita Poliana,

mesmo sob chicana,

sempre engolindo o sapo,

sem requinte e sem guardanapo,

sublima o seu desamparo.

O poeta trabalha as ideias,

garimpando ouro sem bateias,

idealizando um mundo em que tudo são flores;

quando há conflito com a realidade,

sofrendo do mundo a maldade,

pensa até desistir

atormentado por tantas dores.

De que vale a mera palavra,

diante do bruto drogado,

insensível à dor, aos apelos e à morte,

se ele tem ao seu lado,

as ONGs, as leis, a justiça e a sorte?

Poeta,

ante o mundo violento,

sua poesia é um alento,

não seja tão pessimista.

Não se deixe vencer pelo mal,

aceite de forma bem lúdica:

- um dia, lá longe, no futuro,

ainda teremos, quem sabe,

a tão sonhada segurança pública.

 
Autor: Casimiro (30/11/2015)

sábado, 28 de novembro de 2015

PICAPONGAIO - QUE BICHO É ESSE?


(Ficção)

           Deu na Internet. Militares chineses conseguiram criar o PICAPONGAIO, através de manipulação genética! O que há de verdade nessa notícia? O picapongaio foi obtido através do cruzamento genético das seguintes aves:

Pombo correio

Sua característica é sempre voar de volta, de qualquer lugar do planeta para onde tenha sido transportado, para o pombal onde nasceu e foi criado. Possui alto senso de orientação e só não chegará ao destino se for atacado por aves de rapina, abatido por caçadores ou derrubado pelo mau tempo ou, ainda, se sofrer um ataque do coração e tombar durante o voo, o que é raro, mas que também acontece. Sabemos que no Brasil há inúmeros aficionados desse esporte, e que podem confirmar essas informações.

A mensagem é cifrada e escrita com tinta indelével em finos rolos de papel de seda e enrolados em uma de suas pernas, com técnica muito elaborada, ou usando um cartucho especial à prova de água. Ao chegar à sua terra natal, o pombo voa direto para o pombal, onde o tratador retira a mensagem e a entrega aos seus superiores.

Às vezes, em regiões muito frias, como no interior da China, a janela do pombal é esquecida fechada, impedindo a entrada da ave e ela morre congelada, quando chega. Outras vezes, a mensagem se solta, porque não foi presa corretamente, e se perde durante a viagem ou, ainda, o pombo pode ser capturado por soldados inimigos, que vão confiscá-la, decifrar e contra atacar, apoiados naquelas informações.

Esses problemas foram solucionados pelos cientistas do Exército Vermelho através de cruzamento genético do pombo correio europeu, de reconhecida resistência física e grande envergadura, com outras duas aves.

Papagaio australiano

Ave de alta memória. Cruzado com o pombo correio, gerou o pongaio. O pongaio tinha a vantagem de dispensar o rolinho de papel, memorizando a mensagem, para recitá-la somente ao seu tratador; porém, se, quando chegasse ao destino encontrasse a janela fechada, também poderia morrer de frio. Faltava ainda algum detalhe nessa ave híbrida, que podia levar e entregar a mensagem, mas não conseguia anunciar sua chegada.

Pica-pau da Malásia

Ave cujo bico pode perfurar até uma tábua de duas polegadas. Cruzada com o pongaio, tornou-se o PICAPONGAIO – o perfeito cruzamento do pombo correio europeu com o papagaio australiano e o pica-pau da Malásia.

Levava a mensagem muito longe, tinha o poder de bicar a janela com muita força para alertar quem estivesse no pombal, evitando, assim, que morresse de frio; em seguida, recitava a mensagem ao seu tratador, que a registrava em um pequeno gravador de áudio e a conduzia aos seus superiores.

Se você não acredita que as aves continuam a participar das guerras até nos dias de hoje, século 21, então leia a seguinte reportagem, copiando e colando no seu navegador o link abaixo, do Estadão, cujo título será:

China treinará 10 mil pombos para garantir comunicação em caso de guerra

http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,china-treinara-10-mil-pombos-para-garantir-comunicacao-em-caso-de-guerra,654818,0.htm
                                                       Autor do texto: Casimiro. Fonte: Google.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Feliz Natal!


O MUNDO ACABOU!
Crônica
            O mundo acabou em 21/12/2012 para aqueles que tiveram suas memórias biológicas esterilizadas pela falta de irrigação sanguínea. Quem nada vê, nada fala, nada ouve, nada sente e não apresenta sinais vitais, não interage com o mundo, a não ser para cumprir duas leis, uma natural, outra divinal. Segundo Lavoisier, o grande químico decapitado pela revolução francesa, considerado inútil para a França, no mundo nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. A carcaça dos mortos se decomporá e tornará à terra; os vermes a transformarão em adubo por um processo digestivo e esse adubo fará vicejar a horta, que nos fornecerá legumes e verduras saudáveis e deliciosos. Já no momento da Criação, Deus disse à criatura: - Tu és pó, e ao pó tornarás. 
            O mundo acabou para os milhares de mortos em um único dia, vítimas da execução pelo anjo da morte, através de armas brancas, armas de fogo e armas com motor e quatro rodas.
            O mundo acabou para aqueles sucumbidos nas filas do socorro impossível, agravadas pelos que surrupiam sistematicamente os já parcos recursos da última esperança, a saúde pública.
            O mundo acabou para os doentes terminais desenganados pelas migalhas de uma medicina de primeiro mundo, inacessível às pessoas sem expressão política ou econômica.
            O mundo acabou para as vítimas dos erros de profissionais estropiados, mal descansados e semi-escravizados pelo sistema, com a agravante da formação de má qualidade, a que certamente são vítimas, e não, culpados.
            O mundo acabou, antes de começar, para os milhões de fetos abortados sob a mais variada justificativa, desde razões sanitárias, até razões de insanidade espiritual de tantas mães inconsequentes.
            Do ponto de vista de quem faleceu em 21/12/2012, se é que morto tem um, naquela data o mundo foi oficialmente declarado extinto.
            Para os sobreviventes, é hora de repensar. O que será mais importante para a vida de cada um, a partir de agora? É chegada a hora de capitalizar, ou de compartilhar?
           Capitalizar, para entrar em sintonia com a Nova Era, é amealhar valores espirituais, é privilegiar o ser mais, antes de se preocupar em ter mais.
           Compartilhar sempre esteve em sintonia com o plano astral, em todas os tempos. Faz parte da natureza humana, tanto é que bandidos e mocinhos compartilham coisas e ideias com os seus.
           Na Nova Era, o compartilhamento deve ser organizado de forma metódica, para saciar a fome alimentar, espiritual e de conhecimentos, de todas as pessoas, até no último dos rincões. Essa será a melhor forma de garantir um lugar melhor no Além, quando para cada um de nós o mundo acabar.
 
Casimiro
21/12/2012

domingo, 16 de dezembro de 2012

Parabéns, Mestre!


Parabéns, Mestre, pelo teu aniversário!

25 de dezembro! É Natal! 2012 anos atrás, nascia Jesus, em Belém da Judeia, num estábulo. Fatos e lendas se misturaram: Teria sido, mesmo, naquela data e naquele lugar? Como podia sua santa Mãe, Maria, ser virgem, se já era casada com o carpinteiro José? Há outros relatos de alguma materialização de sêmen de origem espiritual para gerar um novo ser?  
          Nada disso importa!
Jesus era judeu de raça e fé e profundo conhecedor da Torá, ou Velho Testamento, que continua sendo, até os dias de hoje, a Bíblia que tem guiado o povo judeu; frequentava a sinagoga, sim, mas também questionava as práticas dos rabinos, apegados a interpretações que lhes justificassem tirar vantagens materiais e pecuniárias da ignorância espiritual dos fiéis.
Com ousadia, Jesus orientou o seu povo em novos conceitos de vida, comportamento e procedimentos, deixando sua mensagem também para os gentios e toda a posteridade. Se houve, e se ainda há distorção na prática dos seus ensinamentos, fica por conta da perversidade da mesma natureza humana que o condenou, com a intenção de humilhá-lo e sacrificá-lo entre dois ladrões.
O divino Mestre contrariou, e muito, e a muitos, com suas afirmações polêmicas, mas não fundou nenhuma nova religião. Jesus de Nazaré nunca foi cristão, nunca foi católico e nunca foi evangélico, porque o cristianismo, o catolicismo e o protestantismo surgiram muito tempo depois de sua crucificação; não há registro de que tenha fundado ou sugerido a criação de nenhuma seita religiosa para cultuar o Altíssimo, mas sim, que era o típico judeu de raça e fé e frequentador de sinagoga.
Sou adepto de Jesus, o Cristo, conforme o denominou o apóstolo Mateus, em seu evangelho, escrito entre os anos 50 e 70 da nova era, portanto, sou cristão.
Em mais esse aniversário, também participo da troca de presentes e da mesa farta com meus familiares. Contudo, não me esqueço de presentear o divino Aniversariante com o meu reconhecimento e minha gratidão, por meio de minhas orações, e tento pautar minha vida conforme os seus ensinamentos.
Jesus me ensinou alguns princípios de vida, que precisam ser constantemente revitalizados, tais como:
Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo; não saiba sua mão esquerda o que você deu com a direita; o corpo é o templo do Espírito Santo e deve ser bem cuidado, sem drogas, sem luxúria e sem doenças evitáveis; dar a César, o que é de César, e a Deus, o que é de Deus; quem olhar para outra mulher, que não seja a sua, com pensamento impuro, no coração já pecou contra ela.
E assim por diante.
Obrigado, Mestre, por teus ensinamentos e, mais uma vez, feliz aniversário! E que todos aqueles que em ti creem, curvem-se, inclusive o Papai Noel, porque o Natal é somente teu é a data em que todos deveríamos comemorar o teu nascimento, com menos presentes, mais orações e melhores ações.

Casimiro é escritor.
Contato:
Obras publicadas:
CRÔNICAS
CRÔNICAS II
BALA PERDIDA

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Hein!?


Estava eu na sala de triagem do nosocômio. Fazendo o que? Bem, me disseram que eu precisava fazer uma consulta com o psiquiatra. Eu estava ouvindo vozes. Pura intriga. Todo mundo ouve vozes. A não ser os surdos. Esses não ouvem vozes. Se um surdo sabe que é surdo e diz que começou a ouvir vozes, pode apostar que está doido. Esse sim deve fazer uma consulta com o psiquiatra. Não eu.
       Enquanto aguardava chamarem o meu nome, comecei a ouvir uma voz. Uma voz de mulher. À minha esquerda, estava minha mulher. Não era ela. Ela não é muda, e também não é surda, mas naquele momento, pelo menos naquele raro momento, estava muda, como se estivesse se esforçando para ouvir alguém falando baixinho, quase murmurando. Mulher que fala muito, quando fica muda, a gente desconfia. Será que ela ficou muda porque também estava ouvindo a mesma voz que eu comecei a ouvir? Perguntei a ela, meio com medo da resposta:
       - Você também ouviu? – E ela disse que sim, é essa mulher que está aí ao seu lado. Olhei para o banco à minha direita. Estava vago. De repente, um frio gelado correu pelo meu espinhaço. Minha mulher reforçou:
       - É aquela lá.
       Meu medo então me permitiu ver, dois bancos adiante, uma pessoa franzina falando com uma casaca que estava sobre uma cadeira, à direita dela, como se fosse outra pessoa. Comecei a prestar atenção no diálogo entre a mulher franzina e a casaca.
       Pelas respostas estressadas da mulher, era como se a casaca retrucasse e contestasse os comentários que ela estava fazendo.
       - Se você quer saber, doida é a sua mãe, sua filha da p...
       - ... (silêncio)
       - Eu sei, eu sei que o bebum do meu marido espalhou que eu ando conversando com a casaca dele.
       - ... (silêncio)
       - O que? Repita isso na minha cara!
       - ... (silêncio)
       - Ora essa, você veste a casaca dele, me persegue para todo lado, está querendo me internar e eu é que sou a doida?
       - ... (silêncio)
       - Ah, então é isso? Eu não sirvo para o seu filho porque fiquei lelé da cuca? Lelé da cuca é a p.q.p..
       - ... (silêncio)
       - Não adianta resmungar, vou te arrastar até o psiquiatra.
       - ... (silêncio)
       - Olhé lá, chamaram o meu nome. Agora você não escapa da internação, sua velha desmiolada. Eu mereço...
       Para meu espanto, a mulher se levantou e foi embora pela porta da rua, arrastando a casaca pelo chão.
       Chegou a minha vez e contei ao psiquiatra o que acabara de presenciar. Ele usou o interfone e mandou que minha mulher entrasse. Não sei para quê. A recepcionista veio pessoalmente ao consultório e disse ao médico:
       - Esse paciente não veio acompanhado, doutor. E estava o tempo todo conversando com uma cadeira vazia.
       O médico soltou uma interjeição dúbia, em voz alta, deixando dúvidas sobre sua acuidade auditiva, ou se espanto ou surpresa:
       - Hein!?
(Fim)

(Crônica 1 – Publicada nos dias 17 e 22/11/2012, em duas partes, na Gazeta do Litoral – Praia Grande.
Casimiro é autor do romance BALA PERDIDA, disponível nas livrarias Aristogatas e Nobel, de Praia Grande-SP, na livraria Porto das Letras, de Santos-SP, na Estante do Fernandes ou direto com o autor, pelo e-mail casimiroescritor@gmail.com.

Link de acesso à Estante do Fernandes:

terça-feira, 13 de novembro de 2012

CRÔNICAS PRAIANAS


O poeta e a segurança pública
(Versos livres)
 
Cabe ao poeta fazer graça
com a própria desgraça;
ver poesia
onde os vândalos se tornaram freguesia;
pleitear em vão seu direito ao amparo
com policiais de bom faro.
Enquanto recita Poliana,
mesmo sob chicana,
sempre engolindo o sapo,
sem requinte e sem guardanapo,
sublima o seu desamparo.
O poeta trabalha as ideias,
garimpando ouro sem bateias,
idealizando um mundo em que tudo são flores;
quando há conflito com a realidade,
sofrendo do mundo a maldade,
pensa até desistir
atormentado por tantas dores.
De que vale a mera palavra,
diante do bruto drogado,
insensível à dor, aos apelos e à morte,
se ele tem ao seu lado,
as ONGs, as leis, a justiça e a sorte?
Poeta,
ante o mundo violento,
sua poesia é um alento,
não seja tão pessimista.
Não se deixe vencer pelo mal,
aceite de forma bem lúbrica:
- um dia, lá longe, no futuro,
ainda teremos, quem sabe,
a tão sonhada segurança pública.
 
Missão cívica
Se escrever é uma missão cívica, o escritor é o missionário. Elaborar novas ideias, agitar as antigas e também permutá-las, possibilita arar, aerar, fertilizar, plantar, aguar, cuidar, colher, armazenar e escambar todos os seus frutos, para que se completem, rumo à verdade universal.
Já que ninguém produz tudo de que necessita, assim como ninguém detém a patente da verdade, é bom saber que esta é um bem cooperado e pertence a todos e com todos deve ser compartilhada: - não tem dono. 
Na literatura, a missão do escritor será sempre a de juntar e fundir ideias, mas também separar e esparramar, enfim, agitar, para que o intelecto humano se desenvolva cada vez mais, não se atrofie e não seja dominado por sofismas, jingles, mensagens subliminares, neurofones e por seu próprio ego; e o poeta ombreia com o escritor, suavizando essa missão.
Casimiro é autor de CRÔNICAS I, CRÔNICAS II E BALA PERDIDA, à venda nas livrarias Aristogatas e Nobel, de Praia Grande-SP, ou diretamente pelo e-mail casimiroescritor@gmail.com, ou na Estante do Fernandes:

 

terça-feira, 23 de outubro de 2012


Apresentação do livro BALA PERDIDA
                                                     Discurso interativo
                                     Livraria Nobel em Praia Grande – 27/10/2012
1 - Senhoras convidadas e senhores convidados, poetisas e poetas, boa tarde.
2 - Vou me dirigir a todos no singular, como se estivesse falando a uma só pessoa, especial e única, porque ninguém merece tratamento no coletivo.
3 - Eu me apresento. Sou o escritor Casimiro, praia-grandense de coração, autor de apenas 3 livros. Com 70 anos, eu deveria ter escrito pelo menos 7, um a cada 10 anos. Comecei tarde, mas pretendo completar 8, nos próximos 10 anos. Meu primeiro foi CRÔNICAS, que já está esgotado. Você, que me ouve agora, promete comprar meus 7 livros, se eu viver os próximos 10 anos?
4 - Então você pode comprar o segundo e o terceiro, hoje. Vou dar só uma dica. Não precisa procurar muito. A bala perdida já foi encontrada, e está sob custódia dos guardiães de camisa amarela, ali, naquele balcão, junto com meu terceiro livro, Crônicas II.
5 - O que tem de especial, essa bala? Em que circunstância ela foi perdida? Vou fazer um resumo, para não me alongar. É a história de uma família como tantas outras. Francisco e Fátima são os protagonistas e formaram uma nova família, ao estilo moderno. Francisco é o pai da Jane e do Geraldinho, e Fátima é a mãe da Cidinha, uma linda menina portadora da síndrome de Down. Francisco trabalhava no porto de Santos, num dos terminais de carga e descarga de contêineres. Fátima era vendedora a domicílio de produtos de beleza.
6 - No decorrer da história, as crianças cresceram e tomaram rumos diferentes na vida. A Jane se engajou na Aeronáutica, com o firme propósito de se tornar uma caçadora, ou seja, pertencer à elite de pilotos de caças supersônicos da Força Aérea Brasileira. Geraldinho preferiu a Marinha de Guerra como carreira. Cidinha, muito bem educada e sem traumas, casou-se com um belo rapaz, também portador da síndrome, como ela, e deixou sua marca na trama.
7 - Fátima e Francisco tiveram dois filhos biológicos, os gêmeos Sarah e Saul. A participação deles foi pequena. Sarah se graduou em psicologia social e Saul em psiquiatria e neurologia, ambos com doutorado e pós doutorado. Seus personagens terão continuidade num livro de ficção científica, baseado em pesquisas pouco ortodoxas, de interesse do submundo secreto dos porões de um governo paralelo, cujo primeiro capítulo uma de minhas filhas, que colaborou na revisão de BALA PERDIDA, quase não conseguiu terminar de ler, e passou mal. Se o primeiro capítulo provocou esse impacto, imagine o livro todo. Aguarde para o ano que vem.
8 - BALA PERDIDA faz derramar algumas lágrimas e choca o leitor em algumas situações. A história tem um antagonista mafioso, o Barbosa, um contrabandista, um rato gordo, que infernizou Francisco em seu trabalho e assediou Fátima para passar as mercadorias para suas freguesas.
9 - Faz parte desse romance a ação de piratas, a rinha de galo, a roleta paulista, o aborto clandestino, sexo, drogas e polícia, grampos e campanas, e o que as autoridades estão fazendo para tentar controlar a situação. É um livro que prende a atenção de capa a capa e enriquece a cultura do leitor.
10 - Agora, eu pergunto, convenci alguém a ler BALA PERDIDA?

Como adquirir:
Solicite diretamente ao autor por e-mail:
casimiroescritor@gmail.com

segunda-feira, 11 de junho de 2012


PAIXÃO

Homem muito apaixonado é leão;
E se a bela despertar em si a fera,
Usa antolhos que limitam sua visão
E só foca em sua paixão durante a espera.

Na paixão não há conflitos, mas certeza,
Nunca há dúvida escolher de dois amores.
A paixão não é negada em sua beleza,
Mas, rejeitada, ser cálice de dores.

Um homem apaixonado não se intimida
Com marido dela, com sogra, com filho
Nem se ela é feia, farta ou muito magra,

Se jovem, idosa, idade escondida:
Basta um olhar de esperança e algum brilho.
Preterido, não perdoa quando flagra.

AMOR

Mais vale um só dia de prazer intenso
Que muitos anos de existência banal;
Fogo muito forte, rápido, imenso,
Assim é a paixão, queimando até o final.

Já amor, mui diferente em sua essência,
Fala à alma, não esgota e não perece,
É desapego, prazer sem excrescência,
É dar sem cobrar, até a quem não merece.

Amor de mãe, de irmão, seja da alma gêmea,
Amor ao próximo, Deus, Natureza,
Amor a si mesmo é a autoestima.

Sempre puro, não distingue macho e fêmea,
Preto, branco, ou ser vivente sem beleza;
Seja incesto, mas eu amo minha prima.

MULHER

Ser angelical e dominadora,
Contrasta sua figura sedutora,
Faz do homem aquilo que bem quer;
Mesmo frágil, enfrenta o que vier.

É mui linda, charmosa, delicada,
Solteira, meio termo, bem casada;
A mulher para o homem é companheira,
É cúmplice, é sábia e conselheira.

O homem nunca vive em plenitude,
Leva a angústia da alma ao ataúde
Sem a mãe dos seus filhos bem por perto;

Deus uniu o casal pra toda a vida
Com amor, que no peito tem guarida
E acalenta seu coração aberto.

O poeta e a segurança pública
            (Versos livres)

Cabe ao poeta fazer graça
com a própria desgraça;
ver poesia
onde os vândalos se tornaram freguesia;
pleitear em vão seu direito ao amparo
com policiais de bom faro.
Enquanto recita Poliana,
mesmo sob chicana,
sempre engolindo o sapo,
sem requinte e sem guardanapo,
sublima o seu desamparo.

O poeta trabalha as ideias,
garimpando ouro sem bateias,
idealizando um mundo em que tudo são flores;
quando há conflito com a realidade,
sofrendo do mundo a maldade,
pensa até desistir
atormentado por tantas dores.

De que vale a mera palavra,
diante do bruto drogado,
insensível à dor, aos apelos e à morte,
se ele tem ao seu lado,
as ONGs, as leis, a justiça e a sorte?

Poeta,
ante o mundo violento,
sua poesia é um alento,
não seja tão pessimista.

Não se deixe vencer pelo mal,
aceite de forma bem lúbrica:
- um dia, lá longe, no futuro,
ainda teremos, quem sabe,
a tão sonhada segurança pública.

Missão cívica

               Se escrever é uma missão cívica, o escritor é o missionário. Elaborar novas ideias, agitar as antigas e também permutá-las, possibilita arar, aerar, fertilizar, plantar, aguar, cuidar, colher, armazenar e escambar todos os seus frutos, para que se completem, rumo à verdade universal.
                Já que ninguém produz tudo de que necessita, assim como ninguém detém a patente da verdade, é bom saber que esta é um bem cooperado e pertence a todos e com todos deve ser compartilhada: - não tem dono. 
                Na literatura, a missão do escritor será sempre a de juntar e fundir ideias, mas também separar e esparramar, enfim, agitar, para que o intelecto humano se desenvolva cada vez mais, não se atrofie e não seja dominado por sofismas, jingles, mensagens subliminares, neurofones e por seu próprio ego; e o poeta ombreia com o escritor, suavizando essa missão.

OVERTRIP

Assim como o soneto foi criado por Jacopo Notaro, Século XIII, na Sicília (http://pt.wikipedia.org/wiki/Soneto), o OVERTRIP, com 11 versos (O+VER) e 32 palavras (TRI+P), é a forma genial criada no Século XXI, mais precisamente em 2011, por Celso Correa de Freitas (www.overtrip.blogspot.com), presidente da Casa do Poeta Brasileiro de Praia Grande - SP.

Homenagem a CCF, criador do OVERTRIP:

Caro poeta,
quero que me sigas...
Eu não penso,
penso que penso;
enquanto pensas que não pensas,
acabas de elaborar
inquestionável,
nova , bela,
forma de pensar;
e o OVERTRIP
que o diga...

                Colaborei com mais alguns overtrips, publicados no site da Casa do Poeta Brasileiro de Praia Grande, abordando o preconceito a que parte da população brasileira está sujeita, devido a uma distorção dos princípios que deveriam nortear a verdadeira segurança pública:

Cuidado, Neguinho!
Cuidado!!!
Corra, Neguinho,
A polícia vem aí!
Preconceito aqui temos
Tanto por lá, como aqui.
A Madame reclamou
A polícia acreditou
Um neguinho ela pintou
Eles te pegam,
Defecam,
Te fazem xixi!

E agora, Neguinho?
Não gritei
Que era para correr?
Eles pegam
Um qualquer
Para mostrar serviço
Mesmo sem nada dever.
Madame quer vingança
Nunca quis
Fazer justiça.
Para evitar teu sumiço
Só apelando pro Bispo.

Apelo ao Bispo:
Nossa lei é aberração
Prendem patrimônio,
Bike, moto, carrão,
Animal silvestre, quelônio,
Mas sempre soltam ladrão.
Liberte Neguinho inocente
Daquela imunda prisão
Agradando queixoso bacana
Querendo mostrar serviço
Polícia embanana,
Receio execução!

A PRIMEIRA CHAVE PARA O SUCESSO

 (Nada a ver com autoajuda nem com futebol)

Copa do Mundo é o assunto do momento. Após 64 anos do grande fiasco, sediaremos, novamente, a copa, em 2014, desta vez com uma preocupante sensação de imobilismo, quando tudo parece estar por fazer. A reforma e a construção de estádios, a rede hoteleira, os aeroportos, o trem bala, o veículo leve sobre trilhos, a transformação de agentes do turismo, inclusive taxistas, em poliglotas, são exigências contratuais aceitas pelo governo brasileiro.
                  As denúncias de atrazos por corrupção pipocam todos os dias. Não que falte dinheiro, pois o Brasil ostenta a sexta maior arrecadação de impostos do mundo e é considerado um país rico e os recursos desviados são os excedentes do superfaturamento. O problema é que o Ministério Público não consegue apurar e punir os “transviados”, sem paralizar as obras sob suspeição de irregularidades financeiras. O correto seria paralizar somente aquelas com irregularidades de projeto ou de execução.  Esse parece ser o erro da vez.
                   Após uma breve análise dos erros que culminaram com a Copa de 50 escorregando por entre os dedos brasileros para cair em mãos uruguaias, uma importante lição pode ser extraída, após uma “espremidinha” no assunto.
                   Em 1950, com apenas 8 anos de idade e residindo com meus avós paternos, em Aquidauana, Pantanal de MS, já percebia que os brasileiros estavam eufóricos, por vários motivos. Entender, mesmo, levei muito tempo, ouvindo as conversas do meu avô com seus conterrâneos gaúchos, parceiros de migração, e os comentários da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, única fonte de informações de primeira mão, na época.
Nosso ego vinha sendo massageado de diversas formas: - a principal foi o reconhecimento mundial pela gloriosa vitória da campanha militar contra os nazistas e libertação da Itália – imaginem o que representaria hoje, se a presidenta Dilma Roussef enviasse nossa Esquadra, nosso Exército e a Força Aérea Brasileira, num total de 25.334 guerreiros, para se unir às forças aliadas e atacar o poderoso exército alemão, em pleno território europeu – pois foi exatamente isso o que o presidente Getúlio Dornelles Vargas fez.         
Confira, copiando e colando o link, no seu navegador:

http://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_Expedicion%C3%A1ria_Brasileira

                 Ocorreram intermináveis festanças em comemoração pelo retorno dos herois da Itália, a campanha pela restauração das eleições diretas, o início e o fim do governo Dutra, eleito democraticamente, após 15 anos da ditadura Vargas, a inauguração do maior estádio de futebol do mundo, o Maracanã, e o novo padrão monetário, com a conversão de 1 mil réis para 1 cruzeiro; para completar, iríamos sediar a copa do mundo, suspensa por 12 anos, devido à 2.ª guerra mundial. O clima era de “oba-oba” e de “já ganhamos”.
                 Naquela copa, nossos jogadores pareciam super-homens, imbatíveis e inabaláveis. A copa seria nossa, com absoluta certeza. Tanta era a certeza, que os políticos, em plena campanha eleitoral, conseguiram a transferência da concentração, na véspera do jogo decisivo, contra a equipe do Uruguai, para um local de mais fácil acesso para a imprensa. Os jogadores, assim como os estudantes de todas as escolas públicas, recebiam disciplina militar e cantavam hinos patrióticos. Também passei por essa fase, que hoje a saudade chora: - “bons tempos”, mas que a racionalidade responde: - “nem tanto”!
                  Durante quase toda a noite, a concentração foi invadida por seguidas ordas de políticos e candidatos, com séquitos de jornalistas e fotógrafos. Ao ouvirem uma voz de comando, os atletas eram obrigados a deixar rapidamente seus leitos e perfilar no alojamento, como num quartel, para ouvirem as repetidas lenga-lengas em pé, sem descanso e sem trégua.
                  A intenção dos políticos, em ano de campanha eleitoral, era aparecer bem na foto e na mídia, ao lado dos campeões, pois o clima de “já ganhou” havia contaminado a todos; o jogo seria mera formalidade, contra um adversário reconhecidamente fraco, só para oficializar a entrega da copa ao capitão brasileiro, diretamente das mãos do presidente da FIFA, Jules Rimet. Tinham que aproveitar a concentração, pois no dia seguinte, após o jogo, seria impossível reuni-los para as fotos. No entanto, e para desespero e perplexidade geral, as coisas não correram como o esperado, apregoado, alardeado e tidas como infalivelmente certas.
                  Antes da entrada em campo, o golpe de misericórdia. Num erro tático, a imperdoável falta de persepção do técnico, homem verdadeiramente cego pela fé, os jogadores foram obrigados a assistir a uma missa, com duas longas horas de duração, em pé, pois era uma missa campal.
                   Finalmente no gramado, o que se viu foram homens-zumbis, sonolentos, tresnoitados, cansados e desestimulados, porém calados, pois receberam educação (ou amestramento?) para ser obedientes como cães e não demonstrar revolta – um resquício da escola pública do regime ditatorial na era Vargas. Deu no que deu. Perdemos a copa, por vergonhosos 2 x 1, isso porque o adversário era reconhecidamente fraco.
                  As histórias contadas acima são verdadeiras e as contei para distrair o leitor. O foco, agora é a preciosa lição para a vida, tirada da copa de 50.
                  A noite que antecede qualquer evento deve ser aproveitada tão somente para o repouso, e não para comemorações. Nada de barzinho ou de balada, para relaxar. O corpo e a mente só funcionam em sua plenitude se bem preparados com muita antecedência e bem descansados desde a véspera, para enfrentar qualquer tipo de competição, seja uma entrevista de emprego, um exame de ordem, do ENEM, concurso vestibular, ou ainda qualquer disputa atlética, desportiva ou intelectual. Até mesmo para escrever um livro. Ou, simplesmente, estar bem com a vida cada dia após o outro.

A chave revelada:

Treinamento, alimento e descanso adequados – essa é a principal chave – há outras – para o sucesso em todas as idades e em todas as circunstâncias da vida. O resto é consequência.

Texto pesquisado na Internet, por
Casimiro, H. Dias

O LIXO NOSSO DE CADA DIA

Contesto e protesto, com veemência. O lixo não tem sua origem na vida moderna. O que é moderno é a sede de lucro, é a substituição de embalagens de vidro por metal ou plástico, sacolas de tecido vegetal por filmes petroderivados e a produção de utensílios domésticos e industriais a partir de metal ou de material plástico não degradável. Já houve o tempo em que o óleo de mamona era o principal lubrificante e a lenha de reflorestamento e os briquetes alimentavam as fornalhas das caldeiras. As mudanças ocorreram em nome da economia de escala, mas a natureza já está cobrando o seu preço.
                   Na natureza, tudo convive harmoniosamente, dizem os adeptos do naturismo, inclusive os organismos produtores de resíduos e seus próprios resíduos. Cito a vegetação que morre, sofre decomposição e vira adubo; cito, também, os animais, sejam vertebrados ou invertebrados, que liberam suas excreções, enquanto vivos, ou suas carcaças, após a morte, seguindo pela mesma via, decompondo-se em adubo. Índio também produz lixo orgânico. Adubo, portanto é a palavra chave da reciclagem. O mundo necessita de quantidades crescentes de adubo orgânico para substituir o de origem fóssil, como prioridade, antes da preocupação em reciclar outros materiais.
                   Para maximizar a produção de adubo a partir do lixo moderno, as ONGs e os governos estão martelando a tecla errada. A coleta seletiva, hoje em dia, nas localidades onde já foi implantada, tem valido pouco ou quase nada, pois é comum ocorrer a mistura, já na caçamba do caminhão do lixo; em outros casos, a coleta seletiva se dá em dias específicos, mas o destino é o aterro sanitário, ocorrendo a mistura durante a descarga. Mesmo quando há usinas de beneficiamento, o que é raro, neste país, o aproveitamento do lixo é parcial. O restante permanece no lixão, à disposição de catadores, ratazanas e urubus, produzindo chorumes altamente poluentes. É o suco do lixo escorrendo para os mananciais e retornando às nossas torneiras.
                   Caberia às ONGs científicas incentivar a pesquisa e o emprego, pelas indústrias, de materiais biodegradáveis, para substituir a carenagem de quase todos os tipos de aparelhos e equipamentos e do mobiliário em geral. Madeira e bambu deveriam estar no topo das preferências, ainda mais que os processos de aglutinação do pó de madeira para a fabricação de placas de MDF já estão bastante desenvolvidos.  
                    Eu compraria um computador cujo gabinete fosse de bambu, ou qualquer objeto feito com material biodegradável, desde que estivessem ao meu alcance adquiri-los e fossem a única opção. E quando os descartasse, minha consciência em relação ao meio ambiente estaria leve, pois 90 % do seu peso poderiam ser transformados em adubo orgânico.
                     Por fim, caberia às autoridades impor a substituição, não digo gradativa, mas acelerada, dos materiais não degradáveis pelos degradáveis, pois de nada vale proibir as práticas sacolinhas fornecidas pelos supermercados, e não proibir as embalagens dos produtos, enquanto nocivas ao meio ambiente. A propaganda a respeito tem caído no vazio e o dinheiro público, escorrido pelo ralo.
                     Por fim, digo que as sacolinhas biodegradáveis não se degradam nos lixões e servem de tampão aos bueiros da mesma forma, pois é falsa a propaganda. São biodegradáveis apenas em biodigestores, mas quantas prefeituras os tem, neste país? Abaixo a hipocrisia; vivas à pesquisa séria!!!

Você sabe o que é o Capitalismo?

Vou falar de mim, para que cada um dos meus leitores vista a carapuça, de um silicone especial, que se adapta maravilhosamente a qualquer cabeça, é descartável e vem de brinde ao se comprar qualquer peça de roupa de última geração (este é um comercial capitalista típico – confundindo moralismo com apologia ao consumismo).
                     Confeccionada com fototermofibra sintética, que muda de cor e de temperatura conforme o ambiente, a nova roupa deixou minha mulher encantada; por enquanto é meio cara, mas a financeira da loja facilita a compra. Como há muitas financeiras e, felizmente, elas ainda não possuem um cadastro único, em nome da privacidade dos clientes, posso comprar em várias lojas, várias vezes o limite do meu crédito e, se estourar meu salário, depois me viro para pagar as prestações. Fique sossegado, pois graças aos movimentos populares, hoje os direitos de ficar endividado são iguais e você também pode.
                     Falta terra, ou sobra gente? A questão é tão óbvia, que esbarra na insanidade latente em todos nós: eu disse, em todos nós, sem exceção, e eu aí me incluo, sim senhor.
                     Nosso planeta abriga 7 bilhões de habitantes e possui 5,1 bilhões de hectares de terras agriculturáveis, portanto, menos de 1 hectare por habitante. Os movimentos pela reforma agrária no Brasil pleiteiam pelo menos 100 hectare por família, ou, em média, 20 hectares por pessoa. Essa conta não bate. Colonizar mais dois astros, a Lua e Marte, por exemplo, ainda não bastaria para atendê-los. Teríamos que colonizar mais 20 planetas do tamanho da Terra, para assentar cada um dos atuais 7 bilhões de habitantes, à razão de 20 hectares por pessoa, como acham que é um direito.
                     Não se esqueça nunca, querido leitor, já disse que os direitos são iguais. Também vou pleitear meus 20 hectares, nem que seja para pendurar uma rede entre dois mourões de concreto e balançar até enjoar, pois plantar eu não sei e não quero aprender, exatamente como o faz boa parte dos quem já foram favorecidos pela reforma agrária populista. Eu disse dois mourões de concreto, porque até lá não haverá mais árvores. Estão desmatando tudo, até os mananciais. O planeta Marte, segundo o presidente Hugo Chaves, da Venezuela, foi desmatado pelo capitalismo e hoje é seco, árido e desabitado. E estou propenso a acreditar nessa teoria, pois é nessa direção que vejo nosso planeta sendo encaminhado.
                     Os americanos personificaram ao extremo o capitalismo selvagem, inventando produtos descartáveis. No começo, não era assim. Os carros fabricados até 1950 rodam até hoje, alguns com mais de 100 anos; os carros, fabricados de 1960 para cá, já se desmancharam em ferrugem ou nas fundições, salvo uma ou outra exceção, nas mãos de gente caprichosa. E quando batem, dá perda total, razão do seguro automotivo ser tão caro.
                     Você sabia quantas fraldas descartáveis engrossam os lixões por cada criança que nasce? Multiplique 10 fraldas ao dia, por 365 dias do ano, por 2 anos, por 70 milhões de crianças que nascem no mundo, a cada ano. O montante é assustador. Se alguém me disser que mais da metade das crianças não têm acesso às fraldas descartáveis, eu retruco, certo do que estou afirmando, pois as ONGs querem incluir todas as crianças do mundo ao modelo consumista do capitalismo americano. E ainda dizem que o vilão da poluição são as sacolinhas plásticas.
                     O planeta tem limites naturais. A insanidade humana, não. O exemplo que citei do crediário exacerbado pelas facilidades que esfregam em nossa cara todo santo dia é o que acontece hoje, com a Grande Nação do Norte. Crédito abundante, incentivo à gastança, ao consumismo e ao descarte, com total desprezo ao iminente esgotamento de todos os recursos naturais. É a filosofia do imediatismo.
                     Tiraram nossa esperança de uma vida espiritual abençoada, no futuro, como prêmio por uma vida corpórea regrada e simples, no presente. Quero aproveitar tudo hoje, pois amanhã posso estar morto; essa é a lei de Satã, intuitiva e coletiva, como os capitalistas estão adorando e disseminando, infelizmente com o auxílio de algumas seitas religiosas que acenam com prosperidade material aos seus fieis, e possuem metas de arrecadação de dinheiro, ao invés de almas. O atual regime já não é comunista, nem capitalista, mas se transformou em consumista. O mundo está de joelhos, sob o tacão do império do Regime Consumista.
                     Como seria um Sistema de Governo dos Anjos, supostamente melhor que o atual modelo capitalista? Boa pergunta! Ninguém tem essa fórmula, pois não há consenso. Tudo o que tentaram, piorou o meio ambiente.
                     Você sabia que o mar de Aral foi drenado para liberar espaço para a agricultura, na Rússia?  Você sabia que uma grande empresa brasileira pretendeu ligar o mar Mediterrâneo ao mar Morto, num desnível de 400 metros, através de um túnel de apenas 80 km, para instalar uma importante usina hidrelétrica, mas foi barrada pelos colonos da região, com receio do nível do mar subir muito e atingir suas terras? O mar Morto está secando, pela evaporação, e a água que seria despejada apenas manteria o nível estável.
                     A crise americana afeta hoje todas as nações, que substituíram por dólares virtuais seus lastros financeiros físicos, de metais nobres como ouro, prata e platina, além de pedras preciosas. São 16 trilhões de dólares que os estrategistas de longo prazo convenceram o mundo a aceitar, e o maior credor é a China Comunista, ao arrepio da memória de Karl Marx. Se resolverem pintar papel suficiente com aquela cobiçada tinta verde e pagarem, em espécie, sua dívida em prazo curto, a inflação devorará quase todo o sistema econômico mundial, menos o deles, porque eles são os emitentes e donos dos dólares. O poder de barganha americano sairá fortalecido e continuarão a receber o fluxo de commodities, os insumos de que precisam para manterem seu padrão de vida predatório. Até o último soluço do planeta Terra. Essa é a espada de Dâmocles, sobre a economia mundial.
                     Os americanos sempre obtiveram das outras nações praticamente tudo, e ao preço que eles determinam, indiferentes às planilhas de custos de cada produtor. Bastaria fazer o país fornecedor entrar em crise, e a chantagem viria. Que o digam os fabricantes de calçados de Franca, SP e Novo Hamburgo, RS, e nossa querida Petrobrás, que em diversas ocasiões exportou gasolina a preços irrisórios, para salvar o Tesouro Brasileiro, quando vencia mais uma fatura do FMI.
                      Eu me atrevo a indicar uma saída, não ideológica, mesmo que de longo prazo, para o mundo periférico, satelitizado pelos americanos: - Sigamos o exemplo deles próprios, nossos atuais colonizadores: - escolarizemos todo o povo, não tão devagar como hoje, mas num gigantesco mutirão, como o fez a Coreia do Sul.
                      Só um povo instruído consegue descobrir o caminho das pedras e dominar, sem ser dominado. Non ducor, duco! – diz o brasão da cidade de São Paulo – Não sou conduzido, conduzo! Façamos jus aos nossos antepassados.

DIREITOS SIM, PORÉM, DE QUAIS HUMANOS?

Os direitos humanos estão em evidência já há um bom tempo em todas as civilizações – mais de quatro mil anos, segundo registros históricos, que também apontam os deveres humanos e os castigos pelos desvios de conduta.
A evolução, ou involução, dos costumes e das leis, ocorrem o tempo todo, se considerada uma escala temporal que abranja toda a história da humanidade. Questionamentos fazem parte da natureza humana. Hoje, parece haver certo desequilíbrio, pois as leis que versam o tema contemplam mais os direitos e menos os deveres, numa complacência perniciosa.
Na elaboração dos códigos, os legisladores sempre consideraram os cidadãos de seus países, inclusive no Brasil, como de índole homogênea, nem predominantemente boa, nem predominantemente má. Com o avanço de ciências como a Neurologia, a Psiquiatria, a Psicologia e a Sociologia, já é possível constatar que o joio e o trigo nascem misturados numa mesma família e que a herança genética e o ambiente social perverso produzem menos estragos sobre a formação do caráter do que a própria natureza ao moldar ainda no ventre materno a índole da futura criança. Ao afirmar que todos são iguais perante a lei, esqueceram-se de que as pessoas são diferentes entre si e que não há padrão na natureza humana, em matéria de reação comportamental, que permita uma classificação jurídica perfeita.
Explicando melhor, caráter e índole não são a mesma coisa. A diferença mais gritante é que uma pessoa de má índole é completamente desprovida de remorso pelos seus malfeitos e, jamais, deveria ser tratada igual a outra, de boa índole.
A índole é a tendência para praticar o bem ou o mal, nasce com cada pessoa e não muda, ao longo de toda a vida. A má índole somente pode ser refreada com punição rápida e adequada ou, até mesmo, o isolamento compulsório e vitalício do indivíduo, providência que nenhum código prevê, mesmo em se tratando de dolo. Nesse particular, a Justiça não se vale da Ciência para identificar uma pessoa de má índole, o que é lamentável, pois até ser detida, muitas vidas terão sido perdidas por conta dessa falha.
Desde criança é possível identificar que tipo de índole a pessoa traz do berço; porque o psiquiatra forense só pode agir após o meliante completar 18 anos, provavelmente depois de sacrificar muitas vidas inocentes? A vida desse indivíduo vale mais que a de suas vítimas? A verdade cruel é que só será detido após a maioridade e depois de matar, pelo menos dois; dois sim, senhor, pois todo bandido tem o direito legal de matar a primeira pessoa sem ser ou permanecer preso, por ser reu primário, ou até dezenas, e ter sua ficha criminal zerada, ao atingir a maioridade.
A vida de cada bandido vale pelo menos duas vidas de inocentes. Essa é a lei, do jeito que as ONGs preocupadas com os direitos humanos dos bandidos gostam. Até a família do bandido tem amparo legal e auxílio reclusão pago com os impostos das vítimas, mas não há leis para ajudar os órfãos e as viúvas – dois pesos e duas medidas, evidenciando que nem todos são iguais perante a lei. Se for bandido, sempre terá mais direitos e isso não é só perfeitamente legal, mas intuitivo, pois até as igrejas e associações levam mimos para os presos, mas se esquecem das viúvas e dos órfãos.
O caráter, igualmente, vem do berço, mas pode ser moldado pela boa ou má educação, pelo ambiente social, pelo exemplo familiar e de terceiros. Seria possível a má índole e o bom caráter coexistirem na mesma pessoa? Sim, mas é um tanto complicado. Vejamos um exemplo rural, para variar.
O produtor de leite cuida de sua vaquinha de estimação, à qual deu o nome de Mimosa. É muito mansa e as crianças a adoram. Recebe a melhor ração, tem acompanhamento veterinário, o estábulo é aquecido no inverno e ventilado no verão, sempre muito limpo e livre de moscas. Após oito anos de produção, a vaquinha envelheceu e está falhando a prenhez; sua relação custo/benefício tornou-se desfavorável, pois o leite que produz já não cobre seu custo de manutenção. O produtor conclui, então, que chegou a hora de substituí-la por uma novilha. Nesse momento, queremos identificar qual seria o procedimento, nas quatro situações:
Produtor de leite de boa índole e bom caráter – Solta a vaquinha num bom pasto, junto com os outros animais da mesma espécie, para viver seus últimos dias.
Produtor de leite de boa índole e mau caráter – Vende a vaquinha a um criador de gado de corte, para que a Mimosa seja abatida, civilizadamente, num frigorífico.
Produtor de leite de má índole e bom caráter – Vende a vaquinha a um açougueiro clandestino, mesmo sabendo que a laçará de madrugada e a arrastará, insensível ao seu sofrimento, até que, no meio do caminho, fará o abate de forma cruel, eviscerando-a ainda viva; em seguida, descartará as vísceras na beira da estrada e venderá a carne “baratinha” para quem não se preocupa com sua origem; ou, então, o próprio dono manda puxar a vaca para um lugar próximo, abate ali mesmo, enquanto as crianças veem tudo e choram, e distribui a carne para seus funcionários, dizendo: - Vaca velha tem carne muito dura; essa eu não quero. Esse produtor mostrou-se um perfeito sociopata, que estudou, teve um bom ambiente na infância e na juventude, conseguiu aprender muita coisa, até mesmo tornar-se um engenheiro agrônomo ou quiçá um zootecnista e agir profissionalmente, como empreendedor rural de sucesso; seu problema é que somente age em interesse próprio, é muito invejoso e não é espontaneamente solidário; ao ser contrariado, às vezes por motivo fútil, procura isolar-se da outra pessoa, que lhe trouxe a contrariedade e, por conta disso, configura-a como inimiga; em certa época de sua vida, por não saber lidar com as emoções, inicia um processo de autoisolamento de maior gravidade e pode entrar em depressão ao ver sua carreira profissional definhar.
Produtor de leite de má índole e mau caráter – Seria quase impossível encontrar um produtor de leite com má índole e mau caráter. Esse é o padrão comportamental predominante em bandidos de alta periculosidade, incapazes de assumir quaisquer atividades regulares, muito menos sujeitas a leis e regras. Uma pessoa de má índole e mau caráter sobrevive de crimes contra as pessoas, o patrimônio e o meio ambiente. Trata-se de um psicopata, que detesta ser contrariado, e sua tendência é a de eliminar fisicamente qualquer obstáculo que, segundo imagina, esteja atrapalhando o seu caminho. Esse obstáculo pode ser uma pessoa, uma família, uma casa, uma árvore, ou até mesmo os gatos de estimação do seu vizinho. Eventualmente, pode até graduar-se e conquistar um bom emprego, mas certamente galgará degraus à custa de muito massacre de pessoas que se envolvam com ele, de boa ou de má fé, tanto faz.
Os legisladores, ignorando que o sociopata tem tendência ao suicídio e o psicopata à vingança fútil, preocuparam-se tanto em criar ressalvas e salvaguardas para proteger os bandidos das prováveis injustiças que lhes pudessem ser cometidas pelo sistema, que se esqueceram de proteger as vítimas das injustiças que lhes fossem acometidas por esse mesmo sistema.
Todos sabemos que a taxa de criminalidade no Brasil é muito alta; o que poucos sabem é que os bandidos reincidentes respondem por noventa por cento de todos os crimes. Se, ainda na condição de reus primários, permanecessem presos em regime fechado, imediatamente as taxas recuariam, pois os homicídios e os assaltos a mão armada cairiam de 10 para 1; a polícia teria mais tempo e efetivos para correr atrás dos criminosos de colarinho branco, que incomodam menos, mas roubam infinitamente mais o dinheiro da saúde, da educação e da própria segurança pública o que, na prática, representa muito mais perdas de vidas.

MINHA ESPOSA E O ESTAGIÁRIO

Aconteceu comigo...

Certa vez, estive no sítio de um parente, que me ofereceu algumas lascas de cana de açúcar; mastiguei algumas, mesmo após ter notado que tinham um filete avermelhado por dentro. Cerca de uns trinta minutos após, fui acometido de urticária por todo o corpo, e coçar, nessa ocasião, é o menos indicado, mas foi o que mais fiz. Não aguentei assumir o volante do carro e tive que, a muito contra gosto, ceder a chave para minha mulher. Minha garganta começou a inchar e a voz já estava ficando rouca. Fomos a um pronto socorro de um hospital público e, felizmente, um estagiário me atendeu rápido, conduzindo-me a uma saleta, onde havia uma maca, um suporte de soro, uma mesinha e duas cadeiras. O estagiário quis saber o que tinha acontecido comigo, antes de pedir orientação ao médico de plantão, seu supervisor de estágio, e me medicar. Seguiu-se o diálogo:

Estagiário – O Sr. preencheu a ficha, lá no balcão?
Eu – (Não consegui emitir nenhum som e olhei triste, para minha esposa).
Esposa – Claro, mas faça logo alguma coisa por ele, não vê que já está com dificuldade para respirar?
Estagiário – Já teve isso antes?
Eu – Balancei a cabeça em sinal de confirmação.
Esposa – O Sr. não faça mais perguntas e dê a ele um antialérgico, rápido!
Estagiário – Ainda preciso saber...
Esposa, levantando-se – Vou chamar o médico.
Estagiário – Calma, senhora, vou mandar a enfermeira aplicar soro com fenergan (levantou-se, saiu da saleta e, após dois minutos que mais pareceram uma eternidade, voltou com um enfermeiro e o medicamento; o enfermeiro ministrou o soro com o fenergan, sem dificuldade, pois minha veia estava saltada, apesar do braço inchado).
Esposa, um pouquinho mais calma – Não é melhor deitar seu paciente, doutor?
Estagiário – Essa maca está reservada para um caso mais grave.
Esposa – Esse fenergan não tem contraindicação?
Estagiário – Só para quem for alérgico ao antialérgico; isso é muito raro, mas acontece...
Esposa – Doutor, olhe para ele, está ficando roxo!
Estagiário – Vou chamar o médico! (levou menos de um minuto).
Médico – Vamos deitar o paciente na maca e usar uma cânula; se der ânsia, terá que ser com o abaixador de língua, mesmo. A garganta fechou, mas não é o caso de traqueostomia.
Esposa – O que aconteceu agora?
Médico – Alergia ao antialérgico.
Esposa – E agora? O que o Sr. vai fazer? Ele corre perigo?
Médico – Não, minha senhora, o tratamento é desintoxicação com soro e alívio das vias respiratórias, para liberar a passagem de ar para a traqueia. Vou mandar aplicar quatro litros de soro e diurético. Ele vai melhorar. Dentro de quatro horas, ficará bom e poderá ir para casa.
Esposa – Ele é diabético, e esse soro é glicosado...
Médico, colocando as mãos sobre a própria cabeça, falou alto, quase gritando, para o enfermeiro – É soro fisiológico, seu animal! Arranque já isso daí!
Estagiário, que tinha saído da sala a passos largos, retornou da farmácia do PS – Aqui estão o soro fisiológico e o fenergan.
Esposa – Fenergan, de novo? Estão querendo matar meu marido?
Médico – Não foi o fenergan... foi o agravamento inicial da alergia... pode aplicar!
Enfermeiro, claudicando – Sim, sim, sim, senhor.

Daí para a frente, e após o quarto frasco de soro, sendo que o fenergan foi aplicado só no primeiro, comecei a melhorar, mas ainda deitado na maca. O médico não apareceu mais, e o enfermeiro fazia as trocas dos frascos do soro, com regularidade. Minha esposa já estava mais calma. O estagiário ia e vinha, mais ou menos a cada meia hora, pois também receava, não que um óbito ocorresse com paciente sob seus cuidados, mas que pudesse sujar sua ficha. Minha esposa manobrava o urinol de bico, sempre que eu pedia, espichando o olhar.

Estagiário – A senhora pode me dizer o que foi que desencadeou esse quadro alérgico em seu marido?
Esposa – Pergunte direto a ele, agora; quando estava morrendo sufocado e não conseguia falar, o Sr. queria que somente ele respondesse às suas perguntas!
Estagiário, mal disfarçando uma pontinha de contrariedade, virou-se para mim, removeu a cânula de minha boca e balbuciou – E aí?
Eu, ainda com dificuldade para falar – Doutor, chupei uma cana que tinha uns filetes vermelhos, acho que eram fungos.
Estagiário – Logo vi que era mistura de bebida. O Sr. é diabético, tem que parar de beber, para o seu próprio bem.
Eu – Doutor, não é cana de cachaça, é cana de açúcar...
Estagiário, olhando para minha esposa, com ar de reprovação – Ainda nega...

Finalizando, fiquei bom, tive alta após umas quatro horas, como o médico havia predito e, no dia seguinte, contei a história a um agrônomo, amigo de velhos tempos, e perguntei o que seriam aqueles filetes avermelhados.

Agrônomo – Fusarium moniliforme, a praga da cana-de-açúcar, que também pode estar presente no açúcar mascavo. Esse foi o fungo da sua alergia. Muito cuidado com ele.

Viva minha esposa! Ela salvou minha vida e agora minha alma lhe pertence!


      ANAMNESE AO ESTILO ANTIGO

Antigamente, como gostam de falar os jovens de hoje, quando se referem ao tempo que seus avós eram jovens como eles, mas que ainda estão bem vivos, e talvez mais saudáveis, a anamnese médica era outra.
Anamnese é uma palavra de origem grega, assim como um terço de toda a língua portuguesa, e das demais línguas ocidentais. ANA significa trazer de volta, e MNESE significa memória. É a primeira fase de uma consulta médica, seja qual for a especialidade, e consiste num questionário simples e direto, em que o médico procura delimitar o foco para diagnosticar o problema de saúde reclamado pelo paciente, com a mínima solicitação de exames complementares.
Nem sempre havia agendamento para uma consulta, numa época em que os telefones eram precários, ou mesmo, inexistentes. O cliente aparecia no consultório e era atendido por ordem de chegada. A maioria dos médicos atendia em média 20 pacientes, num turno de 6 horas, variando de 6 a 60 minutos, cada atendimento.
A secretária representava uma ajuda fundamental à celeridade do atendimento, duplicando-se em assistente clínica. Sua tarefa, além de organizar a agenda, consistia em lançar no prontuário os dados que ela própria coletava a cada nova consulta, dispondo, para isso, de alguns equipamentos e o necessário treinamento. Os equipamentos indispensáveis, na saleta anexa à recepção, eram um termômetro clínico, a balança antropométrica, o esfigmomanômetro e um cronômetro; nas clínicas cardiológicas havia, ainda, um eletrocardiógrafo, para que se anexasse, ao prontuário, um eletrocardiograma, antes de cada nova consulta.
Os dados disponibilizados pela secretária representavam uma enorme economia de tempo para o médico e eram fundamentais para embasar a hipótese diagnóstica. O paciente informava sua idade, atividade profissional, por onde viajou nos últimos 30 dias, aspecto da urina e fezes, qualidade do sono, queixa principal e queixas secundárias; as informações coletadas pela secretária eram a altura, o peso, a temperatura axilar, a pressão arterial e o número de batimentos cardíacos por minuto; numa clínica cardiológica, acrescentaria, ainda, o eletrocardiograma. Simples e praticamente sem custo, não? Só que nem isso costuma ser feito, atualmente.
O médico não perdia tempo e era muito objetivo no atendimento. Confirmava, com o paciente sentado, as informações lançadas no prontuário pela secretária e testava suas memórias antiga, recente e imediata; com um estetoscópio, fazia a ausculta dos pulmões; com um otoscópio, examinava os ouvidos e com o mesmo aparelho, as mucosas nasais; com um oftalmoscópio, fazia um exame de fundo de olho. Com o paciente em pé, conferia o equilíbrio e seu campo visual; em seguida, fazia com que o paciente deitasse em uma mesa de exames, onde procedia à ausculta torácica e visceral com estetoscópio e a um ritual de apalpação, mesmo que a queixa fosse outra. Conferia, ainda, a textura da pele, o hálito, a garganta, o estado geral da dentição e a vascularização da pálpebra inferior – tudo de forma simples, padronizada, automática, rápida e sem nenhuma preguiça. A intenção era a busca de problemas não relatados, pois as faculdades de medicina de antigamente ensinavam curar o paciente como um todo, e não só a doença reclamada. Quem fazia isso tudo? O clínico geral? – Sim, e, no geral, gastava só seis minutos para ter a hipótese diagnóstica e prescrever um tratamento seguro, ou solicitar exames complementares, com a certeza de serem absolutamente indispensáveis, ou, ainda fazer o encaminhamento a um especialista, em último caso.
Qualquer semelhança com os tempos atuais seria mera coincidência, para desespero de todos os planos de saúde, inclusive do SUS.

O CAPITALISMO E O DIABO
Uma visão apocalíptica, real e atual

9 de novembro de 1989. Começa a ser derrubado o muro de Berlim, símbolo do modelo comunista, que entrara em colapso. Carl Marx não avaliou que a natureza humana fosse tão individualista, fálica e anarquista. O regime instalado em 1917 se manteve, enquanto durou, a ferro e fogo, até que faltou ferro e o combustivel para o fogo era pouco e teve que ser racionado. A melhor explicação para essa derrocada é a mesma para a ascenção e queda de todos os impérios que a História registra. Seria insensato acusar A ou B.
As nações comunizadas tiveram que ceder espaço ao retorno do capitalismo, não o antigo, que Carl Marx conheceu e condenou, escravizante de operários, explorador da força dos seus braços para o trabalho com carga horária de 16 horas e descanso somente aos domingos; na modernidade, salvo algumas excessões, trabalhamos 8 horas diárias, com direito ao descanso nos sábados, domingos e feriados, além de férias anuais de 30 dias e uma infinidade de outras benesses trabalhistas; e agora, máquinas de todos os portes e complexidade substituem a maior parte do esforço físico e mental dos trabalhadores.
E isso não é bom?
Já aconselhava Maquiavel que, para acalmar a insatisfação do povo, tomem-lhes todos os seus direitos de uma só vez e o devolvam aos poucos, que a satisfação voltará e será duradoura, enquanto durar o conta-gotas.
O regime comunista restringiu ao máximo as liberdades e, após o confisco dos ativos pertencentes aos cidadãos, impôs-lhes pesadas censuras para inibir queixas, reclamações e denúncias de abusos e malversações por parte dos agentes públicos; os meios de produção e os incentivos, antes familiares, foram coletivizados e transformados em cooperativas; porém, algo absolutamente individual, a natureza humana, não conseguiram domar.
A falta de reconhecimento e de estímulo ao ego do indivíduo, agora massificado, contribuiu para o desânimo e a ineficiência, redundando em queda na produtividade, o que forçou um contingenciamento generalizado dos bens de consumo, a criação do mercado negro, corrupção e suborno, mas os teóricos estavam satisfeitos – o regime continuava comunista, pelo menos até à vespera do início da derrubada do muro de Berlim.
A desestatização revelou o lado sombrio de quaisquer ditaduras, sejam das oligarquias, do proletariado ou fundamentalistas. Quem tinha capital para assumir os negócios desestatizados eram, por ironia, os antigos guardiães do Partido, do Estado e do Tesouro do Povo, as altas autoridades, os grandes políticos, os agentes secretos, os ex-ministros, muitos dos legisladores e, também, membros do judiciário. Durante os anos de mordaça, amealharam cacife suficiente para adquirir todas as empresas disponibilizadas para a privatização, pelo Estado saqueado e falido.
No Brasil, não há dia sem denúncia de desfalques, desvios de verbas, má gestão dos recursos públicos e liberações a fundo perdido, para causas e ONGs nenhum pouco nobres. Esse dinheiro todo não é escondido sob colchões, nem é totalmente remetido ao exterior, mas aplicado por aqui mesmo, através de “laranjas”, gerando novas riquezas e novos empregos, num financiamento torto, que tem causado indignação somente aos que não tiveram a chance de obtê-lo. Sem apologias.
Nos últimos anos, coisas interessantes ocorreram, pois aumentaram as denúncias, mas também aumentou a geração de empregos, a atividade econômica, a arrecadação de tributos e a renda média do brasileiro; a nação está, visivelmente, mais rica.
Chegou a hora de devolver ao povo, em gotas homeopáticas, o que lhes foi confiscado, e conceder, na mesma velocidade, em conta-gotas, tudo ao que aspiravam. Só que não foi bem assim, e continua não sendo. Altamente estimulados, jovens e adultos se impacientam e querem obter as coisas que cobiçam, ou que acham que necessitam, já e agora, como se o dia de hoje fosse o último de suas vidas. E se não conseguem o que querem, com rapidez e pouco esforço, tornam-se agressivos ou entram em depressão. Por incrível que pareça, a agressão aos professores por crianças pode ter essa mesma explicação.
O consumismo desenfreado estruturou-se no descarte do quase novo e de pouco tempo de uso, sempre substituído por um modelo mais moderno, sejam móveis, máquinas, utensílios, roupas ou embalagens; o aumento da poluição, o apodrecimento do solo pelos lixões, a contaminação das águas, o desmatamento, a lixiviação das terras agrícolas e a incidência do câncer de pele, atribuída à diminuição da camada de ozônio, são algumas das consequências.
A crescente violência armada que submete toda a sociedade, hoje em dia, pode estar associada à necessidade de obtenção de recursos rápidos para saciar a sede de consumo de qualquer coisa, certamente despertada pela mídia capitalista.
Um exemplo da simbiose macabra entre a morte e o pleno emprego nos é fornecido pelas estatísticas das ocorrências no trânsito urbano e rodoviário. São 40.000 mortes de cidadãos brasileiros a cada ano, portanto, batento mais de alguns anos de guerras pelo mundo afora.
A cada 100.000 veículos destruídos nas estradas, com ou sem óbitos, a indústria fabrica e vende outro tanto, garantindo empregos diretos e indiretos para 4.000.000 de trabalhadores. Lucram com os acidentes rodoviários todos os setores da economia ligados à saúde, aos seguros e às funerárias, e que se encontram em plena expansão no Brasil.
A maioria dos acidentes tem causa humana e pode ter sua raiz na ansiedade, também um efeito colateral da mídia incentivadora do consumismo desenfreado. Um amigo meu, cujo nome não vou declinar, adquiriu uma franquia de agência funerária; após alguns meses, perguntei-lhe – como vão os negócios – e ele me respondeu com um sorriso de felicidade: - “Vão muito bem, graças ao bom Deus.”
Não seria mais lógico se as autoridades somente liberassem a comercialização de veículos automotores que fossem incapazes de ultrapassar as velocidades limites de segurança?
Conclusão: o capitalismo sacia a sede de consumo que ele próprio exacerba, mas, para isso, destrói o planeta e seus recursos naturais na ânsia de ganhos rápidos e crescentes. Para gerar mais empregos e melhorar a arrecadação, temos que financiar o consumo, dizem nossos governantes.
Um novo regime, diferente do capitalismo que tudo destroi para lucrar, e do comunismo, que massacra a individualidade para dominar, mas que privilegie os valores da mente e do espírito, talvez seja a salvação – seria um socialismo aperfeiçoado. Do contrário, a humanidade se extinguirá em algumas décadas, pois não haverá como sobreviver após a exaustão dos quatro elementos da natureza – vitória retumbante de quem sempre deu com uma mão e tirou com a outra – o Diabo.

SEGREDO PROFISSIONAL

Sobre o recente incêndio na
Estação Antártica Brasileira de Pesquisas Científicas

A estação Comandante Ferraz, eu digo,
Foi alvo de sabotagem, meu amigo;
A ONU recomendou há sete anos
Reforma total, prevenção contra danos.
Caixa de água mantida degelada,
Importante quão bandeira desfraldada,
Máscaras, mangueiras contra incêndio, trajes,
Separar módulos vistos nas imagens.
Pesquisadores todo esse tempo viram
Que seus reclamos com descaso sumiram.
A resposta errada as mentes invade
Sentiram o orçamento cortado à metade.
Homens do governo foram insensíveis,
Desprezando a pesquisa em todos os níveis.
Com a indiferença governamental
A rebeldia estava em seu potencial.
Tenho três hipóteses de sabotagem:
Um vizinho trouxe bomba na bagagem,
De madrugada, provocando o incêndio;
Ou talvez alguém disposto ao vilipêndio;
Ou empreiteiro se sentindo lesado,
Já que tinha o projeto pronto e aprovado,
Porém, retardado indefinidamente,
Já que peitava um algoz, infelizmente.
Porque os homens do governo, previsíveis,
Mas com muitos poderes, todos incríveis,
Preferindo maltratar um desafeto,
Só provocaram iras com aquele veto.
O pobre, o fraco e até o bom doutor
Se cansam de tanto achaque sem autor
Quando o mais forte ao argumento resiste,
Último recurso – é a santa dinamite.
A versão não discutida, pra calar,
Foi a ingênua intenção ensinar
Como preservar o meio ambiente,
Instalando gerador bem mais potente
A etanol, pois não sabiam que evapora;
Estrategistas de plantão, nem agora
Descobriram que em ambiente fechado
Vira uma bomba de efeito retardado.
Caríssimo leitor, a verdade é rasa:
No campo, na selva, no mar ou na casa,
Seja ambiente pobre, rico, burlesco,
Nossa vida está espelhada num afresco.
Profissional que se preze não revela,
O que viu e o que fez, sem temer sequela;
Doutor, contador, militar, sacerdote,
Nada diz! Ou o atiram ao mar sem bote.
Sem apologias.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

08 de março. No dia de hoje, reservado à reflexão sobre o papel da mulher, diria que meio caminho já foi percorrido e há outro tanto a percorrer. As mulheres brasileiras já podem comemorar a igualdade de direitos civis, o voto, a licença maternidade, a participação em 45 % da força de trabalho e a média de escolaridade superando a dos homens.
Há mulheres em praticamente todos os níveis de atividades, da política à pesquisa, do judiciário à engenharia, do comércio à prestação de serviços, das forças armadas ao espaço sideral. Nunca, em toda a história da humanidade, as mulheres participaram com tal intensidade na vida das nações. No entanto, apesar de uma minoria estar muito bem, no geral, falta alguma coisa, ou muita coisa, para melhorar.
Em pleno século XXI, as mulheres ainda carecem do respeito e o pleno reconhecimento dos homens, que insistem em tratar suas esposas, companheiras e até suas filhas, como um bem de propriedade, como os escravos de antigamente; os patrões que pagam pela força de trabalho feminina, segundo o IBGE, 30 % a menos, em média; os recrutadores de recursos humanos que preferem contratar homens, sempre que disputarem vagas com mulheres; numa demanda conjugal, a polícia tende a achar que toda a culpa é da mulher.
Para conquistarem mais espaço e respeito, falta, a muitas mulheres, melhorar o amor próprio, não expor seu corpo de forma banal, exigir creches nos locais de trabalho, não abusar das licenças médicas para cuidar de outros interesses e evitar atitudes que depreciem seu valor como trabalhadora; isso não é exigir mais das mulheres do que dos homens, mas essa lição de casa elas ainda precisam fazer.
Para finalizar, enfatizo que os homens, sejam eles maridos, companheiros, filhos, empresários, chefes ou colegas, jamais deveriam esquecer-se da cortesia com o sexo feminino, porque sem ele, não haveria humanidade.
Feliz dia da mulher!

OS LIMITES DA BRONCA

Paulo Autran, o grande ator, viveu 85 anos. Era casado e sua experiência de vida era incontestável. Numa de suas últimas entrevistas, perguntaram-lhe porque não tinha filhos, e a resposta foi inédita : - “Para me aborrecer? No meu círculo de amizades não conheço nenhum casal contente com seus filhos – são petulantes, impertinentes, arrogantes, gastadores, ingratos, exigentes, inconformados, intrometidos, inconvenientes, abusados e por aí vai”. Não é o nosso caso.
Na luta por colocar limites em seus filhos, pais podem notar que algumas táticas estão longe de causar o efeito necessário. Na verdade, algumas atitudes chegam a acarretar o resultado contrário. Antes de culpar as crianças, os pais devem prestar atenção se estão dando bronca direito – e “direito” não significa com cara de bravo ou com ameaças assustadoras. Muito pelo contrário.
Ações como gritar excessivamente e bater são vetadas por psiquiatras, psicólogos e psicopedagogos. De acordo com Içami Tiba, autor de “Disciplina: Limite na Medida Certa” (Integrare Editora), as crianças aprendem com o que os pais fazem. Se eles batem na criança, “o filho aprende a linguagem da violência”. A psicopedagoga Larissa Fonseca afirma que tanto gritar quanto bater demonstram falta de controle pessoal dos pais, o que é bastante danoso para a criança. “Gritar é mostrar que a criança te afetou – e ela adora isso”, afirma Larissa.
Leila Tardivo, professora do Instituto de Psicologia da USP, explica que as crianças, como todas as pessoas, precisam de atenção. “Se os pais só olham para a criança quando ela faz algo de errado, ela continuará fazendo isso”, fala. Na opinião de Dora Lorch, psicóloga e autora do livro “Superdicas para educar bem seu filho” (Editora Saraiva), educar é passar por certos desconfortos. Ou seja, dar bronca é chato e prometer um chocolate para a criança parar de chorar parece bem mais fácil. Só que os pais precisam estar preparados para se posicionar quando as desobediências acontecem.
Mas como se posicionar corretamente? Consultamos especialistas que resumiram 9 frases que não devem ser ditas para a criança.

“Não te amo mais”

“A criança é muito mais frágil que o adulto. Tudo que se fala ganha uma dimensão maior”, comenta Dora Lorch. Portanto, ouvir uma frase destas da boca dos pais pode causar estragos. Larissa Fonseca explica que esta falta de aceitação pode ser muito forte. “A criança não consegue entender a complexidade do mundo, e alguns adultos não têm consciência disso”, diz Larissa.
“Você é feio”

Xingamentos e palavras feias podem afetar a formação da autoimagem, explica Leila Tardivo. Repetidos excessivamente, também podem ser considerados violentos. Larissa Fonseca aponta que existe uma diferença sutil, mas essencial entre “você é feio” e “o que você acabou de fazer foi muito feio”, que desloca o adjetivo negativo para a ação e não para a criança.

“Vou te matar”

“O que traz a educação é a firmeza, e não a agressividade”, diz Içami Tiba. Ameaças do tipo servem apenas para criar medo nas crianças, o que, segundo o psiquiatra, não leva a lugar algum. “O medo não educa, só traumatiza”, diz Içami. A longo prazo, a intimidação tampouco é efetiva e esvazia o discurso dos pais, já que eles obviamente não vão cumprir o que prometeram. “Primeiro, as crianças sentem um desamor muito grande. Depois, quando descobrem que as ameaças não funcionam, não levam mais os pais a sério”, afirma Dora Lorch.

“Nunca mais te trago aqui”

Como a noção temporal das crianças é diferente, as punições precisam ser imediatas. Este tipo de ameaça também não faz efeito por ser mentirosa. “As crianças sentem que estão sendo enganadas. E isso não faz bem para elas”, diz Larissa. Dora Lorch aponta que ameaças do tipo, assim como “você nunca mais vai ver televisão” ou “nunca mais vou falar com você”, passam uma ideia ambígua para criança, o que prejudica a sua formação moral.

“Você puxou o seu pai” ou “Você é igualzinho a sua mãe”

Quando os pais estão separados e há algum conflito entre ambos, não é nada saudável usar este tipo de frase. Segundo Leila Tardivo, as crianças entendem que elas são parecidas com a parte rejeitada – e se sentem dessa forma.

“Se ficar bonzinho, dou um chocolate para você”

Comportar-se bem, arrumar o quarto, guardar os brinquedos ou fazer a lição de casa são responsabilidades dos filhos, por isso eles não precisam ganhar nada em troca quando fazem isso. Quando os pais fazem estes acordos de maneira repetida, os filhos podem achar que não se tratam de deveres. “A criança precisa aprender a fazer as coisas por responsabilidade, e não porque vai ganhar algo”, diz Larissa.

“Para com isso, todo mundo está olhando!”

Esta frase é mais fruto do embaraço dos pais que um tipo de bronca para os filhos. Segundo Içami Tiba, ela também passa a mensagem da “campanha da boa imagem”, quando a criança só tem que parecer educada para os outros. “O que os pais estão falando é um problema deles. As crianças não ligam para o que os outros estão vendo”, explica.

“Fica quieto!”

No geral, as crianças tendem a atender ordens mais específicas. Quando escutam frases como esta, elas se confundem. “Ela não sabe se é para parar de falar, de pular ou de fazer o que está fazendo”, diz Dora Lorch. Os pais devem apontar exatamente o que eles gostariam que a criança fizesse.

“Limpe já seu quarto, senão você vai ficar de castigo”

“Quando um adulto coloca um ‘senão’ do lado de suas ordens, isso quer dizer que ele não acredita muito nelas”, diz Dora Lorch. Isso demonstra que os próprios pais já estão negociando, o que faz com que as crianças não respeitem as ordens dadas. Os “senões” só podem aparecer quando a criança questionar muito. “Firmeza é dizer que não pode, e não poder mesmo”, resume Içami.

Crédito:

OS BRANCOS EM MINORIA

Meus leitores, na qualidade de cidadão de tez branca, portanto, não enquadrado em nenhuma das condições para receber quaisquer das benesses infraconstitucionais, faço parte da exceção, como o faz a minoria branca desta nação. Após esse preâmbulo, convenhamos:
- Não há evolução, sem agitação, dor e sacrifício: - a linda borboleta surge após uma dramática metamorfose;
- O pão não cresce, se não for muito bem sovado;
- A terra do lavrador pobre não produz sem que seja arada, plantada e regada com muito suor.
Sejamos razoáveis:
- Os portugueses, no ano 1500, na qualidade de brancos dominantes, treinados e bem armados, invadiram o Brasil e subjugaram seus verdadeiros descobridores e donos de toda aquela terra a que chamavam graciosamente de Pindorama; após tentarem, sem sucesso, submeter os índios ao trabalho braçal, sem limites de violência e desumanidade, resolveram importar da África a força de trabalho de que necessitavam; passados os períodos colonial, imperial e pós-imperial, nunca facilitaram em nada a melhoria social e econômica dos índios, negros e mestiços, que eram os filhos dos invasores brancos com índias e negras; não custa lembrar que as cortesãs, esposas dos invasores, não foram trazidas ao Brasil, restando-lhes as mulheres que já tinham subjugado;
- A Lei Áurea, assinada pela princesa Izabel em 13 de maio de 1888, foi a exacerbação da desumanidade e da indiferença, iludindo os negros com a falsa liberdade, entregando-os à própria sorte, totalmente desamparados e desorientados, sem nenhuma qualificação profissional, sem emprego, sem atendimento médico, sem escola para os filhos, sem alimento para suas famílias, sem dinheiro e sem teto algum, absolutamente descartados pelo poder público, como trastes.
- A cultura de vilipêndio e achaque aos negros permanece, ainda hoje, tão arraigada, a ponto de serem os primeiros abordados numa batida policial e os últimos a serem contratados para qualquer emprego.
Nossa mentalidade branca é muito difícil de mudar.
- Cinquenta anos atrás, havia repúdio às mulheres brancas separadas, mesmo que de maridos violentos, sendo rejeitadas e alijadas do convívio social como devassas (essa barbaridade já está quase superada, embora não totalmente);
- Uma mulher que denuncia a violência doméstica a que foi submetida costuma ser tratada com descrédito pela autoridade policial;
- O repúdio, por parte dos motoristas dos coletivos, aos deficientes físicos, pode ser presenciado todos os dias;
- A tolerância aos novos modelos de união afetiva ainda patina nos padrões morais petrificados.
Agora, já há luz no fim do túnel para os dois terços da população brasileira relegada ao segundo plano. A democracia plena se faz com o voto da maioria simples (50 % + 1). Após séculos de ditaduras morais e pseudodemocracias, essa maioria, que não é branca, está conseguindo mudar, lentamente, o status quo vigente, para corrigir injustiças históricas, exatamente aquelas que lhes foram impingidas pelos brancos; nesse bojo entram negros, índios, mestiços, homossexuais, sem terra, sem teto, sem renda, sem profissão, sem estudo, sem liberdade e toda sorte de desafortunados – vítimas de uma sociedade nem sempre branca, mas quase sempre hipócrita.

                       Essa é minha ponderação.

O quinto membro do corpo humano

O direito de reclamar deveria acompanhar a obrigação de dar o exemplo. Se eu me sinto no dever de fazer tudo certo, mas você se acha no direito de fazer tudo errado, por quê?
“Bater boca” e xingar é o nosso esporte predileto e tem gente que o faz mostrando com ênfase o dedo médio, cruzando os braços em forma de banana ou agitando os cotovelos e, assim, falando mais do que com a própria língua. Crianças de todas as culturas também expressam um xingamento mostrando a língua, de forma intuitiva, sem que nenhum adulto a tenha ensinado. A propósito, poderíamos até afirmar que a língua, ao invés de um órgão de múltiplas funções, inclusive o da fala, seria o nosso quinto membro, abençoada como as mãos, ou ferina, como a espada, dependendo do uso que dela se faça.
Brasileiro reclama de tudo, e quase nada faz para que o outro não tenha o que reclamar dele próprio. Assim, reclama do vizinho barulhento, do flanelinha folgado, do guarda de trânsito abusado, do político corrupto, do síndico intolerante, da polícia incompetente, do assaltante do cruzamento, do judiciário frouxo, do gari porco,  e assim por diante. Enche-se de razão e torna-se violento, por conta disso. Quando comete uma infração no trânsito e o outro lhe mostra um gesto ofensivo, puxa o trabuco e primeiro atira, e somente depois é que vai medir as consequências e lamentar.
Por conta do mau uso do quinto membro, leis e mais leis contra o bullying, o preconceito e as ofensas de ordem moral (o popular xingamento por qualquer motivo) se sobrepõem numa tentativa de reeducar a população pela força, já que nada, ou quase nada, se alcançou em termos de reeducação para moderar o seu mau uso.
Segue um texto atribuído a Luiz Antônio Simas, mestre em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor de História do ensino médio (não tenho confirmação e peço perdão por omitir os palavrões):
“Bullying?!
Ninguém mais pode tirar sarro de alguém... O mundo tá ficando sem graça.
O cravo não brigou com a rosa?! 
Chegamos ao limite da insanidade da onda do politicamente correto. Soube dia desses que as crianças, nas creches e escolas, não cantam mais: - O cravo brigou com a rosa. A explicação da professora do filho de um camarada foi comovente: a briga entre o cravo - o homem - e a rosa - a mulher - estimula a violência entre os casais. Na nova letra "o cravo encontrou a rosa debaixo de uma sacada/o cravo ficou feliz /e a rosa ficou encantada". 
Que diabos é isso? O próximo passo é enquadrar o cravo na Lei Maria da Penha. Será que esses doidos sabem que O cravo brigou com a rosa faz parte de uma suíte de 16 peças que Villa Lobos criou a partir de temas recolhidos no folclore brasileiro?
Outra música infantil que mudou de letra foi Samba Lelê. Na versão da minha infância o negócio era o seguinte: Samba Lelê tá doente/ Tá com a cabeça quebrada/ Samba Lelê precisava/ É de umas boas palmadas. A palmada na bunda está proibida. Incita a violência contra a menina Lelê. A tia do maternal agora ensina assim: Samba Lelê tá doente/ Com uma febre malvada/ Assim que a febre passar/ A Lelê vai estudar.
Se eu fosse a Lelê, com uma versão dessas, torcia pra febre não passar nunca. Os amigos sabem de quem é Samba Lelê? Villa Lobos de novo. Podiam até registrar a parceria. Ficaria assim: Samba Lelê, de Heitor Villa Lobos e Tia Nilda do Jardim Escola Criança Feliz.
Comunico também que não se pode mais atirar o pau no gato, já que a música desperta nas crianças o desejo de maltratar os bichinhos. Quem entra na roda de dança, nos dias atuais, não pode mais ter sete namorados para se casar com um. Sete namorados é coisa de menina fácil. 
Ninguém mais é pobre ou rico de marré-de-si, para não despertar na garotada o sentido da desigualdade social entre os homens.
Dia desses alguém [não me lembro exatamente quem se saiu com essa e não procurei a referência no meu babalorixá virtual, Pai Google da Aruanda, foi espinafrado porque disse que ecologia era, nos anos setenta, coisa de viado. Qual é o problema da frase? Ecologia, de fato, era vista como coisa de viado. Eu imagino se meu avô, com a alma de cangaceiro que possuía, soubesse, em mil novecentos e setenta e poucos, que algum filho estava militando na causa da preservação do mico leão dourado, em defesa das bromélias ou coisa que o valha. Bicha louca, diria o velho.
Vivemos tempos de não me toques que eu magôo. Quer dizer que ninguém mais pode usar a expressão coisa de viado ? Que me desculpem os paladinos da cartilha da correção, mas isso é uma tremenda babaquice. O politicamente correto é a sepultura do bom humor, da criatividade, da boa sacanagem. A expressão coisa de viado não é, nem a pau (sem duplo sentido), ofensa a bicha alguma.
Daqui a pouco só chamaremos o anão - o popular pintor de roda-pé ou leão de chácara de baile infantil - de deficiente vertical . O crioulo - vulgo picolé de asfalto ou bola sete (depende do peso) - só pode ser chamado de afrodescendente. O branquelo - o famoso branco azedo ou Omo total - é um cidadão caucasiano desprovido de pigmentação mais evidente. A mulher feia - aquela que nasceu pelo avesso, a soldado do quinto batalhão de artilharia pesada, também conhecida como o rascunho do mapa do inferno - é apenas a dona de um padrão divergente dos preceitos estéticos da contemporaneidade. O gordo - outrora conhecido como rolha de poço, chupeta do Vesúvio, Orca, baleia assassina e bujão - é o cidadão que está fora do peso ideal. O magricela não pode ser chamado de morto de fome, pau de virar tripa e Olívia Palito. O careca não é mais o aeroporto de mosquito, tobogã de piolho e pouca telha.
Nas aulas sobre o barroco mineiro, não poderei mais citar o Aleijadinho. Direi o seguinte: o escultor Antônio Francisco Lisboa tinha necessidades especiais... Não dá. O politicamente correto também gera a morte do apelido, essa tradição fabulosa do Brasil.
O recente Estatuto do Torcedor, com os olhos gordos na Copa e 2014, quer disciplinar as manifestações das torcidas de futebol. Ao invés de mandar o juiz pra ... e o centroavante pereba tomar ..., cantaremos nas arquibancadas o allegro da Nona Sinfonia de Beethoven, entremeado pelo coro de Jesus, alegria dos homens, do velho Bach.
Falei em velho Bach e me lembrei de outra. A velhice não existe mais. O sujeito cheio de pelancas, doente, acabado, o famoso pé na cova, aquele que dobrou o Cabo da Boa Esperança, o cliente do seguro funeral, o popular tá mais pra lá do que pra cá, já tem motivos para sorrir na beira da sepultura. A velhice agora é simplesmente a "melhor idade".
Se Deus quiser morreremos, todos, gozando da mais perfeita saúde. Defuntos? Não. Seremos os inquilinos do condomínio Cidade do pé junto.
É o fim da picada.”