segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O POETA E A SEGURANÇA PÚBLICA


(Versos livres)

 

Cabe ao poeta fazer graça

com a própria desgraça;

ver poesia

onde os vândalos se tornaram freguesia;

pleitear em vão seu direito ao amparo

com policiais de bom faro.

Enquanto recita Poliana,

mesmo sob chicana,

sempre engolindo o sapo,

sem requinte e sem guardanapo,

sublima o seu desamparo.

O poeta trabalha as ideias,

garimpando ouro sem bateias,

idealizando um mundo em que tudo são flores;

quando há conflito com a realidade,

sofrendo do mundo a maldade,

pensa até desistir

atormentado por tantas dores.

De que vale a mera palavra,

diante do bruto drogado,

insensível à dor, aos apelos e à morte,

se ele tem ao seu lado,

as ONGs, as leis, a justiça e a sorte?

Poeta,

ante o mundo violento,

sua poesia é um alento,

não seja tão pessimista.

Não se deixe vencer pelo mal,

aceite de forma bem lúdica:

- um dia, lá longe, no futuro,

ainda teremos, quem sabe,

a tão sonhada segurança pública.

 
Autor: Casimiro (30/11/2015)

Um comentário:

  1. Admirável a forma abstrata dentro da qual, de maneira real o poeta coloca em poucas palavras o caos desse tão lindo País.

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