Uma visão
apocalíptica, real e atual
9 de novembro
de 1989. Começa a ser derrubado o muro de Berlim, símbolo do modelo comunista,
que entrara em colapso. Carl Marx não avaliou que a natureza humana fosse tão
individualista, fálica e anarquista. O regime instalado em 1917 se manteve,
enquanto durou, a ferro e fogo, até que faltou ferro e o combustivel para o
fogo era pouco e teve que ser racionado. A melhor explicação para essa
derrocada é a mesma para a ascenção e queda de todos os impérios que a História
registra. Seria insensato acusar A ou B.
As nações
comunizadas tiveram que ceder espaço ao retorno do capitalismo, não o antigo,
que Carl Marx conheceu e condenou, escravizante de operários, explorador da
força dos seus braços para o trabalho com carga horária de 16 horas e descanso
somente aos domingos; na modernidade, salvo algumas excessões, trabalhamos 8
horas diárias, com direito ao descanso nos sábados, domingos e feriados, além
de férias anuais de 30 dias e uma infinidade de outras benesses trabalhistas; e
agora, máquinas de todos os portes e complexidade substituem a maior parte do
esforço físico e mental dos trabalhadores.
E isso não é
bom?
Já aconselhava
Maquiavel que, para acalmar a insatisfação do povo, tomem-lhes todos os seus
direitos de uma só vez e o devolvam aos poucos, que a satisfação voltará e será
duradoura, enquanto durar o conta-gotas.
O regime
comunista restringiu ao máximo as liberdades e, após o confisco dos ativos
pertencentes aos cidadãos, impôs-lhes pesadas censuras para inibir queixas,
reclamações e denúncias de abusos e malversações por parte dos agentes públicos;
os meios de produção e os incentivos, antes familiares, foram coletivizados e
transformados em cooperativas; porém, algo absolutamente individual, a natureza
humana, não conseguiram domar.
A falta de
reconhecimento e de estímulo ao ego do indivíduo, agora massificado, contribuiu
para o desânimo e a ineficiência, redundando em queda na produtividade, o que
forçou um contingenciamento generalizado dos bens de consumo, a criação do
mercado negro, corrupção e suborno, mas os teóricos estavam satisfeitos – o
regime continuava comunista, pelo menos até à vespera do início da derrubada do
muro de Berlim.
A
desestatização revelou o lado sombrio de quaisquer ditaduras, sejam das
oligarquias, do proletariado ou fundamentalistas. Quem tinha capital para assumir
os negócios desestatizados eram, por ironia, os antigos guardiães do Partido,
do Estado e do Tesouro do Povo, as altas autoridades, os grandes políticos, os
agentes secretos, os ex-ministros, muitos dos legisladores e, também, membros
do judiciário. Durante os anos de mordaça, amealharam cacife suficiente para
adquirir todas as empresas disponibilizadas para a privatização, pelo Estado
saqueado e moribundo.
No Brasil, não
há dia sem denúncia de desfalques, desvios de verbas, má gestão dos recursos
públicos e liberações a fundo perdido, para causas e ONGs nenhum pouco nobres.
Esse dinheiro todo não é escondido sob colchões, nem é totalmente remetido ao
exterior, mas aplicado por aqui mesmo, através de “laranjas”, gerando novas
riquezas e novos empregos, num financiamento torto, que tem causado indignação
somente aos que não tiveram a chance de obtê-lo. Sem apologias.
Nos últimos
anos, coisas interessantes ocorreram, pois aumentaram as denúncias, mas também
aumentou a geração de empregos, a atividade econômica, a arrecadação de
tributos e a renda média do brasileiro; a nação está, visivelmente, mais rica.
Chegada a hora
de devolver ao povo, em gotas homeopáticas, o que lhes foi confiscado, e
conceder, na mesma velocidade, em conta-gotas, tudo ao que aspiravam, não foi
bem assim que aconteceu, e continua não sendo. Altamente estimulados, jovens e
adultos se impacientam e querem obter as coisas que cobiçam, ou que acham que
necessitam, já e agora, como se o dia de hoje fosse o último de suas vidas. E
se não conseguem o que querem, com rapidez e pouco esforço, tornam-se
agressivos ou entram em depressão. Por incrível que pareça, a agressão aos
professores por crianças pode ter essa mesma explicação.
O consumismo
desenfreado estruturou-se no descarte do quase novo e de pouco tempo de uso,
sempre substituído por um modelo mais moderno, sejam móveis, máquinas,
utensílios, roupas ou embalagens; o aumento da poluição, o apodrecimento do
solo pelos lixões, a contaminação das águas, o desmatamento, a lixiviação das
terras agrícolas e a incidência do câncer de pele, atribuída à diminuição da
camada de ozônio, são algumas das consequências.
A crescente
violência armada que submete toda a sociedade, hoje em dia, pode estar
associada à necessidade de obtenção de recursos rápidos para saciar a sede de
consumo de qualquer coisa, certamente despertada pela mídia capitalista.
Um exemplo da
simbiose macabra entre a morte e o pleno emprego nos é fornecido pelas
estatísticas das ocorrências no trânsito urbano e rodoviário. São 40.000 mortes
de cidadãos brasileiros a cada ano, portanto, batento mais de alguns anos de
guerras pelo mundo afora.
A cada 100.000
veículos destruídos nas estradas, com ou sem óbitos, a indústria fabrica e
vende outro tanto, garantindo empregos diretos e indiretos para 4.000.000 de
trabalhadores. Lucram com os acidentes rodoviários todos os setores da economia
ligados à saúde, aos seguros e às funerárias, e que se encontram em plena
expansão no Brasil.
A maioria dos
acidentes tem causa humana e pode ter sua raiz na ansiedade, também um efeito
colateral da mídia incentivadora do consumismo desenfreado. Um amigo meu, cujo
nome não vou declinar, adquiriu uma franquia de agência funerária; após alguns
meses, perguntei-lhe – como vão os negócios – e ele me respondeu com um sorriso
de felicidade: - “Vão muito bem, graças ao bom Deus.”
Não seria mais
lógico se as autoridades somente liberassem a comercialização de veículos
automotores que fossem incapazes de ultrapassar as velocidades limites de
segurança?
Conclusão: o
capitalismo sacia a sede de consumo que ele próprio exacerba, mas, para isso,
destrói o planeta e seus recursos naturais na ânsia de ganhos rápidos e
crescentes. Para gerar mais empregos e melhorar a arrecadação, temos que
financiar o consumo, dizem nossos governantes.
Um novo regime,
diferente do capitalismo que tudo destroi para lucrar, e do comunismo, que
massacra a individualidade para dominar, mas que privilegie os valores da mente
e do espírito, talvez seja a salvação – seria um socialismo aperfeiçoado. Do
contrário, a humanidade se extinguirá em algumas décadas, pois não haverá como
sobreviver após a exaustão dos quatro elementos da natureza – vitória
retumbante de quem sempre deu com uma mão e tirou com a outra – o Diabo.
Texto elaborado por
Casimiro
Fontes de pesquisa:
Internet
A Aternativa do Diabo –
Frederick Forsyth – Ed. Record
Você está de parabéns na reflexão acima, rica em detalhes, simples e objetiva. Conheci na pele,mesmo que por 2 semanas, o comunismo, vivenciando, lógico que as escondidas, o dia dia daquele a que tudo foi tirado, bem de acordo com a sua explanação. Conheço muito o outro regime, capitalismo, e ainda penso ser o melhor para o povão, trabalhou ganhou, viveu bem. Conheço também, pelas andanças o tal socialismo, que também penso que mesclado ao capitalismo, democraticamente falando, poderia ser a saída para um futuro melhor, mas os 2 países que eu vejo socialistas mesmo, Portugal e França, ainda não conseguiram engrenar, porque falta a dinâmica do empreendedor, como você bem destacou acima.
ResponderExcluirAbço.