O poeta e a
segurança pública
(Versos livres)
Cabe
ao poeta fazer graça
com
a própria desgraça;
ver
poesia
onde
os vândalos se tornaram freguesia;
pleitear
em vão seu direito ao amparo
com
policiais de bom faro.
Enquanto
recita Poliana,
mesmo
sob chicana,
sempre
engolindo o sapo,
sem
requinte e sem guardanapo,
sublima
o seu desamparo.
O poeta trabalha as ideias,
garimpando ouro sem bateias,
idealizando um mundo em que tudo são flores;
quando há conflito com a realidade,
sofrendo do mundo a maldade,
pensa até desistir
atormentado por tantas dores.
De
que vale a mera palavra,
diante
do bruto drogado,
insensível
à dor, aos apelos e à morte,
se
ele tem ao seu lado,
as
ONGs, as leis, a justiça e a sorte?
Poeta,
ante o mundo violento,
sua poesia é um alento,
não seja tão pessimista.
Não se deixe vencer pelo mal,
aceite de forma bem lúbrica:
- um dia, lá longe, no futuro,
ainda teremos, quem sabe,
a
tão sonhada segurança pública.
Missão cívica
Se escrever é uma
missão cívica, o escritor é o missionário. Elaborar novas ideias, agitar as
antigas e também permutá-las, possibilita arar, aerar, fertilizar, plantar,
aguar, cuidar, colher, armazenar e escambar todos os seus frutos, para que se
completem, rumo à verdade universal.
Já que ninguém produz
tudo de que necessita, assim como ninguém detém a patente da verdade, é bom
saber que esta é um bem cooperado e pertence a todos e com todos deve ser
compartilhada: - não tem dono.
Na literatura, a missão
do escritor será sempre a de juntar e fundir ideias, mas também separar e
esparramar, enfim, agitar, para que o intelecto humano se desenvolva cada vez
mais, não se atrofie e não seja dominado por sofismas, jingles, mensagens
subliminares, neurofones e por seu próprio ego; e o poeta ombreia com o
escritor, suavizando essa missão.
Casimiro é autor de CRÔNICAS I, CRÔNICAS II E BALA PERDIDA, à venda nas livrarias Aristogatas e Nobel, de Praia Grande-SP, ou diretamente pelo e-mail casimiroescritor@gmail.com, ou na Estante do Fernandes:

Cheguei, li, gostei. Diversidade de temas, diversidade de composições. Preocupação com o social. Abrs. Mardilê
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